Antiga sede do Senado tem fama de mal-assombrada

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27/08/2024 10h01

O Solar do Conde dos Arcos, construído em 1819 para ser a residência de Marcos de Noronha e Brito, é um palácio que atualmente abriga a Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Essa construção imponente já foi também a sede do Senado de 1824 a 1925. Com a proclamação da República e a publicação da Constituição de 1891, o prédio passou por reformas e adaptações para receber os parlamentares, abrigando a câmara alta até 1925, quando foi transferida para o Palácio Monroe.

Ecos do passado

O que poucos imaginam é que o solar tem fama de mal-assombrado. Quem conta essa história é Alexandre Moreira, do Serviço de Gestão de Arquivo Permanente (Segap).

— Essa fama se deu em razão da atuação do Conde dos Arcos na Revolução Pernambucana de 1817. O conde foi responsável por inúmeras mortes nesse confronto. Ele também foi acusado de traição no processo de independência brasileira. Após sua saída do Brasil, o solar passou por inúmeras reformas e foi a partir daí que começou a se criar uma fantasia de que as reformas eram decorrência de todas as pessoas que ele matou durante o embate — detalha.

O livro O Solar do Conde dos Arcos, de Odorico Pires Pinto, conta que, em 5 de junho de 1821, portugueses aliados de d. João VI decretaram guerra ao Conde dos Arcos. Acusavam-no de traidor, de separatista e de tramar com d. Pedro a independência do Brasil.

O conde era conselheiro e amigo de d. Pedro, mas este se viu acuado e aceitou as acusações, pensando em conservar a regência por mais um tempo. O conde foi demitido, teve sua casa invadida e foi retirado de lá para embarcar a Portugal como um marginal qualquer. Era uma reação de seus inimigos à atuação violenta do conde na repressão à Revolução de 1817, também conhecida como Revolução dos Padres, movimento que tentou romper ao mesmo tempo com a monarquia e com a dominação portuguesa.

Com a saída do conde do Brasil, o Solar dos Arcos, que antes era uma casa senhorial cheia de respeitabilidade, passou a ser a casa mal-assombrada, cheia de lendas e mistérios. Segundo Odorico Pinto, os moradores das redondezas relatavam terem percebido vultos vestidos de batinas, enumeravam as vezes que viram imagens estranhas passeando pelos aposentos fechados, chegando até a identificá-los como Frei Miguelino e Padre Roma, condenados à morte pelo conde na revolução.

Na crença popular, o local era apontado como uma casa cheia de almas penadas buscando vingar o seu algoz. Fama que permaneceu viva mesmo quando o solar passou a abrigar o Senado do Império. Alexandre conta que os senadores à época sempre reclamavam da estrutura do imóvel. Esse fato também é relatado no livro de Odorico Pinto, quando menciona que a reforma realizada no solar para receber o Senado aconteceu sem planejamento, deixando o prédio na mesma situação de precariedade, com comprometimento das estruturas de madeira, entre outras ameaças à segurança do imóvel.

A cada nova reforma, era necessária uma outra mudança. Para Alexandre, esse foi um dos motivos que levou à transferência da sede para o Palácio Monroe.

                         

Créditos:

Produzido pela equipe da Comunicação Interna do Senado               

Visitas ao Arquivo

O público pode ver de perto os documentos originais dessa época que ficam sob a guarda do Arquivo do Senado. Para fazer um agendamento, basta enviar um e-mail para arquivo@senado.leg.br. É possível solicitar pesquisas pelo mesmo endereço. Visite o acervo também de forma virtual.