Episódio 17 - O governo Jango e o golpe civil-militar de 1964 — Rádio Senado
Senado 200 Anos

Episódio 17 - O governo Jango e o golpe civil-militar de 1964

De origem trabalhista, Jango buscou em seu mandato fazer mudanças que desagradaram os conservadores e até os mais progressistas, que consideravam as propostas tímidas. Em 31 de março de 1964, as tropas do Exército começaram a se movimentar para o golpe. Jango, que estava no Rio de Janeiro, voou para Brasília, de onde seguiu para o Rio Grande do Sul, para tentar organizar a resistência. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, anunciou que João Goulart havia abandonado o país e declarou vaga a presidência. Em abril de 1964, o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente. A promessa da volta do país à normalidade democrática após o golpe civil-militar de 1964 não foi cumprida.

12/04/2024, 18h19 - ATUALIZADO EM 12/04/2024, 18h19
Duração de áudio: 05:11
Arte: Hunald Vale

Transcrição
EMPOSSADO NO CARGO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM 7 DE SETEMBRO DE 1961, JOÃO GOULART NOMEOU O DEPUTADO FEDERAL TANCREDO NEVES PARA SER O PRIMEIRO-MINISTRO. ALÉM DESSE GABINETE, OUTROS DOIS SERIAM FORMADOS NO CURTO PERÍODO DE EXPERIÊNCIA PARLAMENTARISTA NO PAÍS. EM JANEIRO DE 1963, OS BRASILEIROS DECIDIRAM PELA VOLTA DO PRESIDENCIALISMO. MAS NEM ISSO FOI CAPAZ DE GERAR ESTABILIDADE NO GOVERNO JANGO, QUE FOI GOLPEADO DO PODER EM 31 DE MARÇO DE 1964. É SOBRE ESSE PERÍODO DA HISTÓRIA BRASILEIRA QUE A GENTE VAI FALAR AGORA, NO DÉCIMO SÉTIMO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS DUZENTOS ANOS DO SENADO. UMA PRODUÇÃO DA RÁDIO SENADO. De origem trabalhista, o presidente João Goulart buscou em seu mandato fazer mudanças que desagradaram os setores mais conservadores e até mesmo aqueles mais progressistas, que consideravam as propostas tímidas. Assim, o governo dele não conseguiu o apoio necessário para aprovar, no Congresso Nacional, as reformas de base, especialmente nos sistemas agrário, bancário e de ensino. A cada fracasso, Jango buscava uma nova composição que garantisse o avanço das reformas, capazes de mudar. Apesar desses insucessos, o presidente conseguiu aprovar no Congresso Nacional uma lei complementar que convocava um referendo popular em 6 de janeiro de 1963, para que os eleitores decidissem pela manutenção ou não do regime parlamentarista. Sonora: Propaganda [PLEBISCITO DE 1963_ CAMPANHA PELO FIM DO PARLAMENTARISMO] Cerca de 82 por cento do eleitorado votou pela volta do presidencialismo. Assim, João Goulart acreditava que, enfim, teria condições de implementar as medidas que defendia. Mas não foi isso o que aconteceu. Ao longo de 1963 e até março de 1964, outros fatos tornaram insustentável a situação do presidente. Tensões em setores das Forças Armadas, greves de categorias profissionais, manifestação de estudantes, tudo isso deu munição para os opositores do governo defenderem a ideia de incapacidade de João Goulart para governar o país. O cenário piorou em março de 1964, quando o presidente anunciou, num comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que se manteria firme no propósito de implementar as reformas de base e de nacionalizar as refinarias de petróleo. Sonora: Jango O governo reafirma o seu propósito inabalável de lutar com todas as suas forças pelas reformas da sociedade brasileira O presidente pretendia angariar o apoio da população às reformas em comícios em outros pontos do país. A resistência oposicionista não tardou, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu 500 mil pessoas nas ruas de São Paulo. Em 31 de março de 1964, as tropas do Exército começaram a se movimentar para o golpe. Em busca de apoio, Jango, que estava no Rio de Janeiro, voou para Brasília e seguiu para o Rio Grande do Sul, para tentar organizar a resistência. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, anunciou que João Goulart havia abandonado o país. Por isso, ele declarou vaga a presidência da República, como explicou o historiador Antônio Barbosa. Sonora: Antônio Barbosa Em 64 o Senado sacramentou o golpe. Você sabe como é que aconteceu? Era a mesma figura. Auro de Moura Andrade, liderando uma reunião extraordinária do congresso nacional. Portanto, Câmara e Senado. E ele comunica oficialmente aos congressistas que o país estava acéfalo. Foi essa a expressão que ele usou.O que foi uma coisa absurda, porque o presidente João Goulart estava no Rio Grande do Sul. Com a declaração de vacância da presidência da República em primeiro de abril de 1964, mais uma vez o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente o cargo. A PROMESSA DA VOLTA DO PAÍS À NORMALIDADE DEMOCRÁTICA APÓS O GOLPE CIVIL-MILITAR DE 1964 NÃO FOI CUMPRIDA. EM 15 DE ABRIL DE 1964, O MARECHAL HUMBERTO CASTELO BRANCO ASSUMIU A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, DEPOIS DE SER ELEITO INDIRETAMENTE PELO CONGRESSO NACIONAL, E DEU INÍCIO À DITADURA MILITAR, QUE DUROU 21 ANOS. E É SOBRE O INÍCIO DESSE PERÍODO DE EXCEÇÃO DA HISTÓRIA DO PAÍS QUE A GENTE VAI FALAR NO PRÓXIMO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS DUZENTOS ANOS DO SENADO. TODOS OS EPISÓDIOS DESSA SÉRIE ESTÃO DISPONÍVEIS NAS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE ÁUDIO. ACESSE E OUÇA QUANDO QUISER.

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