Episódio 10 - O Senado e a Revolução de 30 — Rádio Senado
Senado 200 Anos

Episódio 10 - O Senado e a Revolução de 30

Com o tempo, o modelo de alternância no poder entre paulistas e mineiros adotado na Primeira República passou a ser questionado. Frente aos diversos movimentos sociais, à urbanização, ao surgimento da classe média e à imprensa, as insatisfações ficaram claras. No final da década de 20, a chamada Coluna Prestes percorreu 25 mil quilômetros em todo o Brasil, defendendo a derrubada do governo e a instituição de medidas capazes de mudar a realidade do país. Estavam dadas as condições para a Revolução de 1930, ano em que Getúlio deu início ao período conhecido como Era Vargas. Durante os 15 anos em que ficou no poder, a atuação do Senado foi limitada e a Casa chegou a ser fechada.

02/04/2024, 11h26 - ATUALIZADO EM 02/04/2024, 11h26
Duração de áudio: 05:10
Arte: Hunald Vale

Transcrição
COM O TEMPO, O MODELO DE ALTERNÂNCIA NO PODER ENTRE PAULISTAS E MINEIROS ADOTADO NA PRIMEIRA REPÚBLICA PASSOU A SER QUESTIONADO. ISSO RESULTOU NUMA CRISE QUE CULMINOU COM A REVOLUÇÃO DE 30, ANO EM QUE GETÚLIO DEU INÍCIO AO PERÍODO DE NOSSA HISTÓRIA QUE FICOU CONHECIDO POR ERA VARGAS. DURANTE OS 15 ANOS EM QUE FICOU NO PODER, A ATUAÇÃO DO SENADO FOI LIMITADA E A CASA CHEGOU MESMO A SER FECHADA. É SOBRE ISSO QUE A GENTE VAI CONVERSAR NO DÉCIMO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS 200 ANOS DO SENADO BRASILEIRO. UMA PRODUÇÃO DA RÁDIO SENADO. No início do século vinte, o Brasil passou por algumas transformações que, num cenário político marcado pela concentração de poder nas mãos de uma minoria, criou o ambiente ideal para o início de questionamentos. A urbanização, o surgimento de uma classe média e uma imprensa de certo modo livre foram fatores que aceleraram o processo de insatisfação de parte da população brasileira com o estado de coisas vigente àquela época. Os anos de 1920 ficaram marcados por episódios dessa natureza, tendo jovens oficiais do Exército à frente. Conhecido por tenentismo, esse movimento ocorrido em 1922 exigia mudanças expressivas nos mais diversos setores, como explicou o historiador e consultor aposentado do Senado, Antônio Barbosa. Sonora: Antônio Barbosa: Nos anos 20, na década de 1920, o Tenentismo tenta exatamente isso, quer dizer, jovens oficiais do Exército resolvem colocar a mão à massa na tentativa quase desesperada de impedir que o país continuasse a viver tal como ele se apresentava. Ou seja, o objetivo é lutar contra, e aí a expressão é da época, as estruturas carcomidas da República Velha. Em 1924, uma revolução de militares em São Paulo também tinha como reivindicação mudanças profundas nas estruturas do país. E no final daquela década, a chamada Coluna Prestes percorreu 25 mil quilômetros em todo o Brasil, defendendo a derrubada do governo e a instituição de medidas capazes de mudar a realidade do país. O fato é que toda essa movimentação, mesmo sofrendo a repressão de governos da época, serviu para dar força às correntes políticas que também ansiavam por mudanças. E isso não tardou a ocorrer. Na disputa eleitoral referente à sucessão do presidente Washington Luiz, representante de São Paulo, os mineiros se sentiram traídos pelo fato de um outro candidato apoiado pelos paulistas ter sido indicado pelo chefe do Executivo. Assim, os mineiros não hesitaram em dar suporte à candidatura do gaúcho Getúlio Vargas, na disputa com Júlio Prestes, que venceu a eleição. As suspeitas de fraude e a insatisfação com o modelo político adotado até então ajudaram a aumentar a crise, que alcançou um nível mais elevado depois que João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Vargas, foi assassinado. Estavam dadas as condições para a Revolução de 1930, no início de outubro daquele ano. O movimento, que também contou com o apoio dos tenentes, depôs o presidente Washington Luiz no final do mês, como explica o historiador Paulo Rezzutti. Sonora: Paulo Rezzutti: Cria-se uma grande fake news e coloca-se a culpa de tudo que está acontecendo com a questão de Prestes ter sido eleito e não a Aliança Liberal. O assassinato de João Pessoa acaba sendo um grande catalisador da força nacional que acabam dando um golpe militar. Minas, Paraíba e Rio Grande do Sul se unem e dão o golpe. Getúlio sobe com as tropas e ai toma-se o poder. A junta provisória que assumiu, transferiu o poder para Getúlio Vargas em 3 de novembro. Até 1933, o novo presidente concentrou em suas mãos os poderes Executivo e Legislativo. Ou seja, o Congresso Nacional deixou de funcionar nesse período. Arthur Bernades, ex-presidente da República e um dos senadores que apoiou Vargas num primeiro momento, posteriormente ficou ao lado dos paulistas que exigiam a convocação de uma assembleia para elaborar uma nova Constituição. Muito pressionado, Getúlio Vargas decidiu, em 1933, chamar as eleições que iriam escolher os parlamentares responsáveis pela elaboração da Constituição promulgada em 1934. OS TRABALHOS DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE TAMBÉM MARCARAM A VOLTA DO FUNCIONAMENTO DO CONGRESSO NACIONAL, FECHADO POR GETÚLIO VARGAS DESDE 1930. EM 1934, O BRASIL PASSOU A SER REGIDO POR SUA TERCEIRA CONSTITUIÇÃO. E É SOBRE ESSE ASSUNTO QUE A GENTE VAI FALAR NO PRÓXIMO EPISÓDIO SOBRE OS 200 ANOS DO SENADO BRASILEIRO. TODOS OS EPISÓDIOS DESSA SÉRIE ESTÃO DISPONÍVEIS NAS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE ÁUDIO. ACESSE E OUÇA QUANDO QUISER.

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