Episódio 6 - O Segundo Reinado e a Guerra do Paraguai — Rádio Senado
Senado 200 Anos

Episódio 6 - O Segundo Reinado e a Guerra do Paraguai

O Segundo Reinado, que durou até a Proclamação da República, foi um período intenso na história do Brasil. Os conflitos internos, com movimentos separatistas, desejos de reunificação com Portugal e questões relacionadas à escravidão, eram comuns. Neste sexto episódio do podcast Senado 200 anos, a gente vai falar sobre a maior guerra já acontecida no continente: a Guerra do Paraguai, que opôs, de um lado, o Paraguai, e do outro a tríplice aliança formada por brasileiros, argentinos e uruguaios. A guerra durou de 1864 a 1870. O orçamento destinado às forças brasileiras e a duração conflito foram assuntos bastante debatidos no Senado, onde chegou a ser proposta a criação de uma comissão parlamentar para apurar a demora no encerramento do conflito.

02/04/2024, 10h30 - ATUALIZADO EM 02/04/2024, 11h08
Duração de áudio: 05:11
Arte: Hunald Vale

Transcrição
O SEGUNDO REINADO, QUE DUROU ATÉ A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, EM NOVEMBRO DE 1889, FOI UM PERÍODO INTENSO NA HISTÓRIA DO BRASIL. NESTE SEXTO EPISÓDIO DO PODCAST SENADO 200 ANOS, A GENTE VAI FALAR SOBRE A MAIOR GUERRA JÁ ACONTECIDA NO CONTINENTE: A GUERRA DO PARAGUAI, QUE OPÔS, DE UM LADO, O PARAGUAI, E DO OUTRO A TRÍPLICE ALIANÇA FORMADA POR BRASILEIROS, ARGENTINOS E URUGUAIOS. A PRODUÇÃO É DA RÁDIO SENADO. Em 1840, ano de início do Segundo Reinado, sob a regência de Dom Pedro Segundo, o império brasileiro contava com apenas 18 anos. Ainda naquele período, os conflitos internos, surgidos a partir da independência, como movimentos separatistas, desejos de reunificação com Portugal e as questões relacionadas à escravidão, eram comuns no território nacional. Mas um evento relacionado à política externa se destacou durante essa fase, gerando debates acalorados no Senado: a guerra da tríplice aliança, também conhecida como Guerra do Paraguai. Até hoje há divergências entre os estudiosos sobre as causas de início desse conflito. Uns alegam que a atitude expansionista de Solano López, presidente paraguaio, foi o que motivou a guerra. Outros defendem a tese de que ela foi estimulada pela Inglaterra, incomodada com o aumento da força paraguaia na região, que poderia colocar em risco seus interesses. O fato é que a guerra, que durou pouco mais cinco anos, do final de 1864 ao início de 1870, uniu Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Internamente, o conflito selou uma espécie de trégua entre liberais e conservadores, que cerraram fileiras no Senado em torno dos interesses do Brasil, como explicou o professor de História da Universidade de Brasília Estêvão Rezende Martins. Estêvão Rezende Martins: Nesse aspecto, nós poderíamos dizer ocorreria uma espécie de união sagrada, que é uma expressão muito comum que se encontra desde o século 19, ou seja, no aperto, serramos fileiras e não vamos colocar o nosso governo assim ao relento, mesmo que nos bastidores haja jogos de interesses, não é verdade. Em particular na tendência de conciliação, que é de organizar depois o que nós chamaríamos de cicatrização das feridas. Ainda não Duque de Caxias, foi um dos principais representantes no Império, ou seja, um grande chefe militar, dotado das características senatoriais, digamos assim, mas que se preocupa em rapidamente, pensar as feridas para evitar que elas se transformem em grandes fraturas sociais no Brasil que levassem então a recrudescimentos posteriores. A Assembleia Geral, formada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, também se reunia no início e no final das sessão anuais para acompanhar o imperador apresentar, na abertura, seus anseios, objetivos e programas à nação; e, no encerramento, o balanço do que ocorrera naquele período. E, como não podia deixar de ser, a Guerra do Paraguai, por sua importância, foi um dos assuntos comentados pelo imperador nas chamadas Falas do Trono. Apesar de haver uma união das diversas forças políticas em torno do sucesso brasileiro no conflito, isso não significou que a atuação dos combatentes brasileiros ficasse isenta de críticas. O papel do Senado no período foi considerado decisivo. Foi o que afirmou o historiador e consultor aposentado do Senado, Antônio Barbosa. Antônio Barbosa: No Império, nenhuma grande decisão tomada pelo Brasil no Segundo Império aconteceu sem a participação do Senado. Eu poderia citar em primeiro lugar as leis abolicionistas, todas elas debatidas dentro do poder legislativo, tendo senadores como grandes atores, digamos assim. Segundo, política externa, de certa maneira a participação do Senado do Império na política externa foi proporcionalmente mais enfática, mais decisiva do que na Primeira República. Terceiro aspecto, a guerra da Tríplice Aliança, que a gente chama de guerra do Paraguai. O Senado acompanhou isso muito bem, fez cobranças, fez sugestões. O orçamento destinado às forças brasileiras e a duração da guerra foram assuntos bastante debatidos no Senado, chegando mesmo a haver um requerimento do senador pela província de Goiás, José Inácio Silveira da Mota, de criação de uma comissão parlamentar para apurar os motivos da demora no encerramento do conflito armado. O tema foi discutido na sessão de 14 de junho de 1867, com o ministro da Guerra, o Marquês de Paranaguá. Na ocasião, o ministro afirmou que qualquer investigação poderia colocar em risco a atuação das tropas brasileiras na guerra. No dia seguinte, o requerimento foi rejeitado pelo conjunto dos senadores. Também a nomeação do Marquês de Caxias, futuro Duque de Caxias, para o comando das tropas brasileiras no conflito foi motivo de debates naquela ocasião. O fato é que a Guerra do Paraguai terminou na batalha de Cerro Corá. Até hoje, os números relacionados ao conflito são desencontrados, mas há uma estimativa que, do lado brasileiro, lutaram 123 mil soldados, dos quais 50 mil morreram. NO PRÓXIMO EPISÓDIO, A GENTE VAI FALAR SOBRE O PAPEL DO SENADO DO IMPÉRIO NA ABOLIÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL. TODOS OS EPISÓDIOS DESSE PODCAST ESTÃO DISPONÍVEIS NAS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE ÁUDIO. ACESSE E OUÇA QUANDO QUISER.

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