Episódio 14 - O Senado e a volta de Vargas ao poder — Rádio Senado
Senado 200 Anos

Episódio 14 - O Senado e a volta de Vargas ao poder

Mesmo isolado no Rio Grande do Sul e enfrentando desconfianças por parte dos adversários e do eleitorado, o então senador Getúlio Vargas lançou sua candidatura à Presidência da República, que acabou sendo a vencedora da disputa. Na sua mensagem de abertura dos trabalhos do Congresso Nacional em 1954, Vargas destacou o que ele considerava um bom desempenho da economia. Apesar disso, enfrentou uma grave crise política. Uma das vozes mais críticas era a do jornalista Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa. Lacerda foi vítima de uma tentativa de homicídio e Vargas não conseguiu o apoio que esperava para se manter no cargo e, na manhã de 24 de agosto de 1954, se suicidou no Palácio do Catete.

09/04/2024, 16h43 - ATUALIZADO EM 09/04/2024, 16h43
Duração de áudio: 05:10
Arte: Hunald Vale

Transcrição
O MANDATO DE EURICO GASPAR DUTRA CHEGAVA AO FIM E OS BRASILEIROS IRIAM ÀS URNAS EM 1950 PARA ESCOLHER O PRÓXIMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. MESMO ISOLADO NO RIO GRANDE DO SUL E ENFRENTANDO DESCONFIANÇAS POR PARTE DOS ADVERSÁRIOS E DO ELEITORADO, O ENTÃO SENADOR GETÚLIO VARGAS LANÇOU SUA CANDIDATURA, QUE ACABOU SENDO A VENCEDORA DA DISPUTA. E É SOBRE A VOLTA DE VARGAS AO PODER QUE A GENTE VAI FALAR NESTE DÉCIMO QUARTO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS DUZENTOS ANOS DO SENADO. UMA PRODUÇÃO DA RÁDIO SENADO. O então senador Getúlio Vargas aproveitou o seu autoexílio em São Borja, no Rio Grande do Sul, para iniciar as conversações sobre uma possível volta à presidência da República. A sua candidatura foi lançada pelo PTB. A eleição ocorreu no dia 3 de outubro de 1950 e Vargas obteve a maioria dos votos. Antônio Barbosa lembra que o clima de desconfiança no país era real. Sonora: Antônio Barbosa: Vargas é um homem que veio do seculo XIX com ideias positivistas, Conviver com a democracia para ele foi muito dificil. A partir de 1951, ele vai ter dificuldades crescentes de governar. Não consegue ter boas relações com o Congresso Nacional e responder de forma adequada a oposição virulenta que se movia contra ele por parte da UDN Assim, o presidente teve de atuar num cenário em que a visão nacional-desenvolvimentista de seu governo enfrentou a resistência daqueles que defendiam a abertura do país ao capital estrangeiro. A proposta de criação da Petrobras é um exemplo. O objetivo do governo era dotar o país de autossuficiência energética, para não depender de empresas estrangeiras, num setor estratégico para o Brasil. Segundo o professor de História da Universidade de Brasília, Estêvão Rezende Martins, essa era ideia que existia em todo o mundo. Sonora: Estêvão Rezende Martins: Aliás, é uma tese que vige no mundo inteiro, essa autárquica. Todos nós temos que ter tudo dentro de casa. Não podemos depender de ninguém lá fora, então nós vamos fazer um grande esforço de reorganização do nosso sistema produtivo aí de rebalanceamento de importações de protações para que se o mundo acabar, o Brasil se salva. Na sua mensagem de abertura dos trabalhos do Congresso Nacional em 1954, Vargas destacou o que ele considerava um bom desempenho da economia: o PIB per capita do país crescera 8,2 por cento no último ano e o consumo das famílias, 7,5 por cento. Apesar desses dados, Vargas enfrentou uma grave crise política naquele ano. Uma das vozes mais críticas era a do jornalista Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa. Ele denunciou um suposto empréstimo irregular do Banco do Brasil para ajudar o jornalista Samuel Wainer a fundar o jornal Última Hora. Por causa disso, uma CPI foi criada na Câmara dos Deputados. Carlos Lacerda foi vítima de uma tentativa de homicídio, que resultou na morte do major Rubem Vaz. Sonora: Antonio Barbosa: No dia 5 de agosto de 1954, tentaram calar a voz de Lacerda por meio de um revólver. Foi um horror. Foi o começo do fim do governo Vargas. Porque todo mundo imaginava que alguém próximo a ele estava ligado a esse atentado. E estava. Gregório Fortunato, que era o chefe da guarda pessoal de Vargas. Lutero Vargas, filho do presidente, também foi envolvido nas investigações. O fato foi explorado pela oposição. Getúlio Vargas não conseguiu o apoio que esperava para se manter no cargo e, na manhã de 24 de agosto de 1954, se suicidou com um tiro, no Palácio do Catete. Ao lado do corpo, foi deixada uma carta testamento escrita por Vargas e divulgada pelas emissoras de rádio ao longo do dia. Isso gerou uma comoção nacional e a população em fúria saiu às ruas contra os opositores de Vargas. A ERA VARGAS CHEGOU AO FIM COM O SUICÍDIO DO EX-PRESIDENTE. SEU VICE, CAFÉ FILHO, TOMOU POSSE E CONDUZIU O PAÍS ATÉ AS ELEIÇÕES SEGUINTES, MARCADAS PARA OCORRER EM OUTUBRO DE 1955. NO PRÓXIMO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS DUZENTOS ANOS DO SENADO, O GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK. TODOS OS EPISÓDIOS DESSA SÉRIE ESTÃO DISPONÍVEIS NAS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE ÁUDIO. ACESSE E OUÇA QUANDO QUISER.

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