Senadores comentam vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril
Da Redação | 25/05/2020, 18h28
Durante a sessão remota desta segunda-feira (25), vários senadores se manifestaram sobre o vídeo que mostra a reunião ministerial do dia 22 de abril. O vídeo foi divulgado no final da tarde da última sexta-feira (22), após liberação do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o vídeo da reunião mostra a tentativa do presidente da República, Jair Bolsonaro, de interferir na Polícia Federal. Além de Bolsonaro, vários outros ministros falaram na reunião.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) criticou Bolsonaro por tentar interferir na Polícia Federal. Para o senador Major Olimpio (PSL-SP), a Polícia Federal deve ter em mente que “a lei é para todos”. Na visão do senador Lucas Barreto (PSD-AP), o vídeo passa "a imagem de um desastre".
Meio ambiente
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) criticou o ministro da Educação, Abraham Weintraub. No vídeo, Weintraub disse que prenderia os ministros do STF e disse não reconhecer os povos indígenas, pois todos são "brasileiros". Rogério Carvalho também criticou o fato de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, falar em “passar uma boiada” durante a pandemia, com referência a mudanças na legislação de proteção ambiental, enquanto o foco da imprensa e de todo país está na pandemia de coronavírus.
O senador Veneziano Vital do Rego (PSB-PB) disse que é preciso rechaçar as declarações dos ministros durante a reunião. Ele disse que todos devem se indignar com o conteúdo do vídeo. Para o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), Weintraub deveria ter sido demitido no dia seguinte. Ele também disse ser preocupante a intenção de vender o Banco do Brasil, manifestada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a reunião.
— Os bancos públicos estão sendo essenciais neste momento de crise. Perguntem aos agricultores do país o tanto que é importante o Banco do Brasil — declarou Alvaro Dias.
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) lamentou a forma como o ministro Paulo Guedes se refere aos servidores públicos. Em certo momento do vídeo, Guedes fala que a proposta de suspender por dois anos os reajustes salariais de servidores públicos é uma “granada” colocada pelo governo “no bolso do inimigo”. A senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) informou que já apresentou um requerimento para que Weintraub e Salles se expliquem ao Senado.
Defesa da democracia
Na visão do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o Congresso Nacional precisa se posicionar em relação à reunião ministerial, exposta no vídeo. Ele disse que não se trata de ser oposição ou governista, mas de defender a democracia. Segundo Randolfe, "quem quer prender ministro do STF em um dia, vai prender parlamentar em outro".
O senador apontou uma sequência de crimes. Ele criticou o pedido de prisão de ministros do STF, feita pelo ministro da Educação, e a intenção de armar a população, defendida por Bolsonaro. Para Randolfe, o vídeo mostra cabalmente que o presidente quer interferir na Polícia Federal e demonstra seu interesse em obter informações privilegiadas.
— Vamos achar aquele vídeo normal e não reagir? O Parlamento precisa se posicionar e não apenas por nota de repúdio — declarou Randolfe.
Reação do mercado
Por outro lado, o senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ) minimizou o conteúdo do vídeo, dizendo que era uma reunião privada. Ele elogiou a coerência de Bolsonaro e apontou que a divulgação do vídeo pode ser o começo da campanha de reeleição do presidente. Segundo o senador, o mercado reagiu bem com a suposta falta de provas contra Bolsonaro.
— Este é o grande termômetro, que mostra o resultado pífio da denúncia de Moro — afirmou Arolde.
O líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), destacou que o vídeo era uma tentativa de prova de que Bolsonaro interfere na Polícia Federal. Bezerra Coelho, porém, disse que o ex-ministro Sergio Moro participou normalmente da reunião, sem demonstrar constrangimento. Segundo o líder do governo, o vídeo deixa “claro e evidente” que em nenhum momento Bolsonaro cometeu crime ou buscou pressionar Sergio Moro.
— Hoje a Bolsa está em alta e o dólar está em baixa. É uma resposta do mercado ao afastamento de qualquer crime que possa ser imputado ao presidente da República. O caso será arquivado e o Brasil vai seguir protegendo sua gente e gerando emprego — registrou.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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