Contarato pede reação a ataques contra indígenas no Mato Grosso do Sul

Da Redação | 03/01/2020, 17h59

O presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Fabiano Contarato (Rede-ES), informou nesta sexta-feira (3) que vai pedir ao Ministério Público que investigue os recentes ataques a comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. Os ataques se intensificaram nesta sexta-feira (3), segundo relatos recebidos pelo senador.

Na madrugada de quarta-feira (1°), a comunidade indígena Laranjeira Nhanderu, da etnia Kaiowá, localizada no município de Rio Brilhante teve a casa de reza que está sendo construída incendiada. De acordo com os indígenas, dois pistoleiros entraram nas casas de algumas famílias, fazendo ameaças e agressões. Nesta sexta-feira (3), confronto com troca de tiros deixou um segurança e pelo menos dois indígenas feridos em Dourados, no sul do estado.

— O fato é que essas agressões estão se tornado corriqueiras. Nossos indígenas estão sendo dizimados. Faço um apelo à imprensa: é preciso falar mais do que está acontecendo com os indígenas, ampliar o noticiário. Se não houver mais cobertura, não teremos como impedir violência e mortes — alertou o senador.

A representação junto ao Ministério Público será feita imediatamente. Já as medidas no Senado estão sendo redigidas e serão apresentadas na volta dos trabalhos parlamentares, em fevereiro. Entre as providências que o senador pretende tomar estão requerimentos com pedido de informações sobre ações tomadas pelo Ministério da Justiça, pela Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo governo de Mato Grosso do Sul e pelas prefeituras das cidades onde os atos de violência contra indígenas foram registrados.

O senador também quer propor a criação de uma comissão externa para visitar as comunidades indígenas sob ameaça e elaborar um de documento a ser enviado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e à Organização as Nações Unidas (ONU). Além disso, ele pretende apresentar requerimentos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na Comissão de Direitos Humanos (CDH) para que os ministros da Justiça, Sergio Moro, e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sejam ouvidos no Senado.

Repercussão

Pelo Twitter, o senador Humberto Costa (PT-PE) compartilhou imagens do incêndio na comunidade Laranjeira Nhanderu.

— A casa de reza dos Kaiowá, em Rio Brilhante (MS), foi incendiada. Onde vai parar esse estímulo ao ataque aos nossos povos originários? — questionou.

O economista Eduardo Moreira, que já acompanhou de perto a situação de aldeias indígenas em Dourados, classificou como genocídio o que acontece com os indígenas no Brasil.

— Todos os dias morre gente, todos os dias são assassinadas crianças, adultos; pessoas idosas são torturadas. Eles não têm o que comer, não têm água, luz, saneamento básico. É um caos — lamentou.

O economista afirmou que a situação é antiga e disse que o fato de o tema ganhar destaque é positivo para que sejam adotadas providências como as que foram anunciadas por Contarato.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)