Senadores avaliam resposta a declarações de Bolsonaro feitas durante manifestação

Da Redação | 20/04/2020, 18h46

A participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma manifestação realizada em Brasília neste domingo domingo (19) provocou a reação de vários parlamentares — nessa manifestação, defendeu-se a intervenção militar e até uma nova edição do Ato Institucional número 5 (AI-5). Enquanto alguns senadores defendem uma carta de repúdio à postura de Bolsonaro, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o líder do PDT na Casa, Weverton (MA), outros pedem diálogo entre os poderes, como Marcos do Val (Podemos-ES). Já o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, disse que prefere se ater às declarações que o presidente fez nesta segunda-feira (20), quando defendeu Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal "abertos".

Segundo Weverton, o Senado deve “amadurecer um sentimento” até quarta-feira (22). Ele admitiu que há tendências divergentes no Senado sobre essa questão, mas afirmou que seu partido tem reagido de forma dura às ameaças contra a democracia.

Weverton informou que Randolfe Rodrigues está coletando assinaturas para uma nota de repúdio a Bolsonaro. Segundo o líder do PDT, vários senadores já assinaram a manifestação. Ele destacou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é quem deverá coordenar a definição sobre a publicação dessa carta.

Weverton também criticou as diferenças nos discursos de Bolsonaro, pois o presidente apoia manifestações contra a democracia, como fez no domingo, e no dia seguinte emite sinais de prestígio às instituições democráticas. Para o senador, é possível até questionar se o presidente tem “condições mentais tranquilas” para liderar o país. Weverton disse que Bolsonaro parece “um macaco em uma loja de louças” ao provocar confusões.

Para o líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), são legítimas as reclamações dos senadores sobre a presença de Bolsonaro na manifestação de domingo. Mas ele disse que prefere se ater à declaração que o presidente fez na manhã desta segunda-feira (20), quando, segundo Bezerra, Bolsonaro teria reafirmado seu compromisso com as instituições democráticas. Bezerra afirmou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é o mais indicado para se manifestar em nome da Casa.

— Todos nós estaremos irmanados na defesa da Constituição e das instituições democráticas — declarou o líder do governo.

Diálogo

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) defendeu o diálogo entre os poderes, para que se supere a crise política e se mantenha o foco na solução da crise sanitária e econômica provocada pela pandemia. Marcos do Val sugere que se faça uma reunião entre representantes de Executivo, Legislativo e Judiciário para a construção de uma pauta conjunta.

— Não existe saída fora da via democrática e muito menos de forma isolada. Precisamos organizar, a partir de hoje, um movimento de unidade, com pautas comuns que possam nos unir, para superarmos a crise sanitária e econômica. Não temos o direito de nos dividir neste momento. A sociedade vai nos cobrar essa conta no futuro — alertou. 

Marcos do Val disse que tentará conversar, ainda nesta segunda-feira, com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para buscar esse entendimento. O senador também defende a participação da sociedade, ressaltando que “essa participação é fundamental neste debate”.

Representação 

Na tarde desta segunda-feira, Randolfe Rodrigues entrou com uma representação contra Jair Bolsonaro no Ministério Público Federal. O senador pede que se investigue se Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao comparecer a um movimento contra o Congresso Nacional e a favor de uma possível intervenção militar no Brasil. Randolfe questiona ainda o fato de o presidente ter desrespeitado o distanciamento social recomendado durante a pandemia de coronavírus.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)