Senadores se solidarizam com jornalista da Folha e CCJ terá pauta feminina

Da Redação | 19/02/2020, 13h51

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senadora Simone Tebet (MDB-MS), anunciou nesta quarta-feira (19) que na primeira reunião deliberativa de março, no dia 4, a pauta da comissão será dedicada às propostas da bancada feminina. A ação integra as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8.

— É de praxe, independentemente de haver uma mulher à frente da Presidência desta Comissão, que no mês de março a Comissão de Constituição e Justiça dedique pelo menos um dia, como primeiros itens da pauta, aos itens da bancada feminina, especialmente aqueles que se referem ao combate à violência contra a mulher — explicou.

Na opinião de Simone, a violência contra a mulher é um crime continuado, e por mais que se faça e se aprimore a legislação (como a tipificação do feminicídio ou da importunação sexual, conquistas recentes), ainda há muito o que se fazer. A senadora prestou solidariedade à jornalista Patrícia Campos Melo, da Folha de S. Paulo, que foi ofendida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

— Quem sabe tenha faltado, por parte da bancada feminina, tipificar a importunação verbal contra a mulher ou, eu diria até de uma forma mais clara, a importunação verborrágica contra a mulher, porque ela é uma violência moral. E ela é tão grave quanto qualquer outra. Ela dói tanto quanto a dor física, porque agride a alma da mulher brasileira — opinou.

Simone repudiou, além dos ataques do presidente à repórter, os aplausos e o apoio que parte da sociedade dedicou às ofensas.

— Essa dor é potencializada quando é dita por autoridades públicas, por qualquer um de nós. Nós estaremos, no mês de março, em uma campanha muito clara, a bancada feminina, de realmente persistir e repudiar não só a violência física, mas a violência verbal. O Brasil não vai avançar rumo ao desenvolvimento civilizatório, ao desenvolvimento que todos nós quisermos e queremos, se nós não alcançamos a tão sonhada igualdade, seja ela qual for. Nós precisamos de igualdade para encontrar paz — declarou.

Solidariedade

Vários parlamentares prestaram apoio à jornalista.

Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que o presidente tem abusado das palavras chulas, e teve o “comportamento de um celerado”, quem tem o poder e o usa de forma incorreta, com uma linguagem inadequada para um presidente da República e usada para agredir e amedrontar as pessoas.

Fabiano Contarato (Rede-ES) acusou o governo de ser “sexista, misógino, preconceituoso, machista e que viola direitos fundamentais”. Ele anunciou que apresentará uma moção de repúdio. 

Rogério Carvalho (PT-SE) mencionou o ataque à própria democracia brasileira e repudiou as falas sistemáticas, seletivas e discriminatórias contra negros, índios, mulheres, contra os mais pobres e todos os que saíram ou lutam para sair da invisibilidade. Ele conclamou o Congresso a se manifestar contra

Leila Barros (PSB-DF) instigou as mulheres a se lembrarem que são maioria da população e do eleitorado brasileiro, e que deveriam escolher pessoas que respeitem a figura feminina.

Fundos

Antes da pauta feminina, como primeiro item, será votada, no início de março, a proposta de emenda à Constituição que modifica os fundos públicos infraconstitucionais (PEC 187/2019). Simone ainda vai definir com as demais senadoras da CCJ quais itens entrarão na lista de votação da sessão do dia 4.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)