Combate ao feminicídio passa por superação da cultura machista, diz Eleonora Menicucci na CDH

Da Redação | 13/11/2018, 18h39

A ex-secretária de Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci afirmou nesta terça-feira (13), em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que o Brasil precisa superar sua cultura machista. Durante o debate, sobre a violência contra a mulher, as experiências do Piauí e de Alagoas no combate ao feminicídio e na proteção das mulheres ganharam destaque. A audiência pública foi solicitada pela presidente da CDH, senadora Regina Sousa (PT-PI).

A lei que tipificou o feminicídio (Lei 13.104, de 2005) foi aprovada pelo Congresso e sancionada em 2015 e o Piauí foi o primeiro estado a ter uma Delegacia do Feminicídio e desenvolver um protocolo especializado de investigação desses crimes. Foi também pioneiro no oferecimento de Plantão de Gênero 24 horas, sete dias por semana, para atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica. De acordo com a subsecretária de Segurança Pública do Piauí, Eugênia Villa, o maior número de agressões ocorre nos finais de semana e feriados.

— No sábado, no domingo, noite e madrugada. As mulheres estão chegando a esperar as delegacias da mulher fecharem para irem até o Plantão de Gênero, porque sabem que lá tem duas delegadas plantonistas, escrivãs mulheres, o atendimento é feminino — afirmou.

A secretária da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas, Maria José da Silva, relatou alguns avanços obtidos com iniciativas como o programa “Patrulha Maria da Penha vai às Escolas”. As ações incluem o trabalho com crianças que testemunham ou sofrem violência em casa.

— O índice de violência é altíssimo. Não é só a mãe que está sendo violentada. É preciso trabalhar a cabeça dessas crianças porque não é normal você ver um espancamento em casa e, se você não cuidar, aquela criança pode ser um futuro agressor — alertou.

Para a ex-secretária de Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci, o combate aos crimes contra a mulher, como o feminicídio e o estupro, é indissociável do combate à cultura machista que extravasa o âmbito jurídico-policial.

— Três pautas resumem toda a pauta das mulheres: nosso corpo nos pertence, o silêncio é cúmplice da violência — para fazer o enfrentamento da violência e quebrarmos a cultura do estupro, a cultura da violência, temos que falar. E, por fim, trabalho igual, salário igual — declarou.

Da Rádio Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)