CPI discute em Natal causas do grande crescimento de assassinatos de jovens no Rio Grande do Norte

Da Rádio Senado | 28/08/2015, 20h46

A CPI do Assassinato de Jovens reuniu-se nesta sexta-feira (28) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, em Natal. Segundo o Mapa da Violência deste ano, o estado saltou da 22ª para a quarta posição no ranking dos estados com o maior número de assassinatos de jovens entre 16 e 17 anos. Os senadores ouviram diversos ativistas de direitos humanos e visitaram famílias de jovens assassinados.

A Secretaria de Segurança Pública do estado apresentou dados segundo os quais foram registrados 3,3 mil assassinatos no Rio Grande do Norte de janeiro de 2013 a agosto de 2015. A maioria era de jovens entre 18 e 24 anos de idade, negros e pardos.

A autora do requerimento para a realização da reunião da CPI no Rio Grande do Norte, senadora Fátima Bezerra (PT-RN), afirmou que o quadro de criminalidade de jovens segue o mesmo padrão em todo o país.

- Trata-se quase de um extermínio da juventude. As estatísticas explodiram. Esse extermínio que tem cor, que tem rosto, que tem origem de classe. A maioria esmagadora dos jovens que são assassinados pelo país afora são jovens de cor negra, são jovens das periferias - afirmou a senadora.

Segundo o relator da CPI do Assassinato de Jovens, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o número de casos subiu quase 300% entre 2002 e 2012. Ele questionou, durante a audiência, qual era o perfil do jovem assassinado no Rio Grande do Norte.

- Lá no meu estado, Rio de Janeiro, o jovem morre muito em cima dessa política de guerra às drogas. A maior parte dos assassinatos acontece no enfrentamento com a polícia, com a milícia e com o tráfico - disse.

Para esclarecer o senador, o defensor público Manuel Sabino explicou como funciona um grupo de extermínio que age em Natal, denunciado pelo Ministério Público.

- Os envolvidos são policiais, que esperam uma troca de turno e torturam um conhecido usuário de drogas. Inclusive existe uma assinatura que é um tiro na batata da perna. Plantavam dois saquinhos de crack e entregavam para a patrulha para levar com o traficante - relatou Sabino.

Também participaram da reunião da CPI os senadores Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e José Medeiros (PPS-MT). Durante a audiência pública foram ouvidos ainda o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania, Marcos Caldas; o conselheiros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Daniel Alves Pessoa; e o coordenador estadual da Justiça para a Infância e a Juventude, juiz José Dantas de Paiva.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)