Fake news: senadores manifestam solidariedade ao youtuber Felipe Neto

Da Redação | 28/07/2020, 17h30

Senadores foram ao Twitter nesta terça-feira (28) manifestar solidariedade ao youtuber Felipe Neto. Ele vem sendo vítima de ataques e notícias falsas disseminadas pelas redes sociais nas últimas semanas, depois de fazer críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Felipe Neto tem 32 anos e quase 39 milhões de inscritos em seu canal de vídeos, além de pouco mais de 12 milhões de seguidores no Twitter. O youtuber disse que “não vai responder ao ódio com ódio”.

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a reação foi perfeita. O senador também lembrou o cantor e compositor Chico Buarque, que certa vez aconselhou deixar “o ódio para quem tem”. Rogério Carvalho disse que “a verdade prevalecerá”.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que foram enviadas cerca de 3,5 milhões de mensagens de ódio contra Felipe Neto em apenas 48 horas. Segundo Humberto, “a rede de mentiras montada é gigante, e é urgente que seja desmontada”. O senador também fez um alerta: “Amanhã pode ser você, lembre-se disso”. Ele disse que, como membro da CPI das Fake News, faz questão de reforçar a necessidade “de continuar a ir atrás dos articuladores desse gabinete do ódio que segue funcionando a todo vigor”. Humberto manifestou solidariedade ao youtuber e registrou que “isso precisa ter um fim o mais rápido possível”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também se solidarizou com Felipe Neto. O parlamentar disse sentir “na pele" os danos da propagação de fake news por ser um dos senadores "mais atacados com mentiras”. De acordo com Randolfe, “se pararmos para pensar, todo mundo sofre pelos atos criminosos promovidos por essas milícias virtuais”.

Na mesma linha, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) apoiou o youtuber, “mais uma vítima da máquina de mentira e calúnia que alimenta a desinformação e o ódio nas redes sociais”.

STF

As manifestações de solidariedade a Felipe Neto acontecem após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última sexta-feira (24) mandou suspender contas de aliados do presidente Jair Bolsonaro no Twitter e no Facebook. O bloqueio ocorreu por suposta disseminação de notícias falsas e mensagens de ódio. Em seguida à decisão de Moraes, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com uma ação contra a derrubada desses perfis.

Senadores dos partidos de oposição criticaram a AGU, já que, segundo eles, as contas não teriam relação direta com o governo. Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), a AGU não pode ser usada para fins pessoais ou para uso político.  

— A AGU foi criada para fazer a defesa dos interesses da União junto ao Judiciário ou fora dele, além de prestar assessoramento jurídico. Bolsonaro está fazendo uso da máquina do Estado para agradar a suas hostes — declarou Jean Paulo em entrevista à Rádio Senado.

Já Chico Rodrigues (DEM-RR), que é vice-líder do governo no Senado, argumentou que a ação não foi movida pela AGU em defesa de Bolsonaro, mas da liberdade de expressão e da manifestação do pensamento. Para o senador, a decisão monocrática de Alexandre de Moraes é uma forma de censura e uma “ditadura do Judiciário”.

Omissão

Pelo Twitter, o senador Luiz do Carmo (MDB-GO) afirmou que “jamais imaginaria que a ditadura poderia voltar por um ministro do STF”. Ele disse que o ministro Alexandre de Moraes “impôs um regime de ditadura no Brasil com sua decisão de censurar contas do Twitter que têm opinião diferente da dele”. Para Luiz do Carmo, “o Senado deve agir e dar um basta nisso”.

O senador Lasier Martins (Podemos-RS) também foi ao Twitter registrar que “os semideuses do STF descambaram para censura, prisão e suspensão de contas em redes sociais”. Lasier lamentou que tudo isso ocorra “com a omissão da Presidência do Senado”. Na opinião do senador, “as atitudes do ministro Alexandre de Moraes são, inclusive, motivo de impeachment”.

Projeto

No final do mês passado, o Senado aprovou o projeto de lei de combate às fake news (PL 2.630/2020), que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, com normas para as redes sociais e para os serviços de mensagem como WhatsApp e Telegram. A intenção é evitar notícias falsas que possam causar danos individuais ou coletivos e à democracia. De autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o projeto foi relatado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) e agora está em análise na Câmara dos Deputados.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)