Vítimas morreram asfixiadas por cianeto

Da Redação | 18/02/2014, 00h00

André Falcão

 

As investigações apontaram uma sucessão de motivos que se encadearam e potencializaram o resultado da tragédia em que 242 pessoas morreram. Parte dos motivos está ligada ao descumprimento de normas de prevenção de incêndios e de evacuação segura de pessoas em emergências. Outra parte está ligada à ação insuficiente ou à omissão de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e autorização de funcionamento de casas noturnas. Havia leis do próprio município de Santa Maria cujo cumprimento teria evitado a tragédia.

 

Na noite do incêndio na Boate Kiss, estava sendo promovida uma festa organizada por estudantes de diversos cursos da Universidade Federal de Santa Maria. Por volta das 3h da madrugada, um dos integrantes do grupo musical que se apresentava acendeu um artefato pirotécnico e as faíscas acabaram por atingir o revestimento acústico da boate. A espuma do revestimento era altamente inflamável e o fogo se alastrou com rapidez. Os músicos tentaram apagar as chamas, mas o extintor de incêndio próximo ao palco não funcionou.

 

O ambiente foi rapidamente tomado pela fumaça e a falta de alarme de incêndio e de sinalização para a saída agravou a ­situação. Confusas, muitas vítimas se dirigiram aos banheiros da boate e lá ficaram presas. Não havia capacidade de exaustão do ar e as janelas estavam obstruídas. A boate tinha apenas uma porta para entrada e saída e o tamanho era inadequado para a vazão, em casos de emergência, da quantidade de pessoas definida como capacidade máxima.

 

Além disso, grades de contenção utilizadas para organizar a fila atrapalharam a fuga de quem conseguiu se dirigir até a saída. Houve relato de que, no início do incêndio, seguranças chegaram a reter os que saíam para exigir o pagamento das despesas.

 

Os estragos causados pelo fogo foram considerados de pequena monta pelos bombeiros. Todas as mortes foram causadas por asfixia. A combustão do poliuretano das espumas do revestimento acústico incendiado liberou gás carbônico e cianeto, que são letais ao serem inalados.

 

Além de todos esses fatores, a boate Kiss estava com a documentação irregular e houve superlotação no dia do incêndio.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)