Para Ana Amélia, país precisa desenvolver cultura de prevenção

Da Redação | 18/02/2014, 00h00

André Falcão

 

A senadora gaúcha Ana Amélia defende a criação de uma legislação de âmbito nacional para a prevenção de incêndios e tragédias como a ocorrida na boate Kiss. Ela disse que o trabalho da comissão temporária do Senado permitiu ver que as diferentes naturezas de abordagem das questões de defesa civil e das questões de prevenção de incêndios nos níveis municipal, estadual e federal são capazes de gerar enormes dificuldades operacionais na hora de um incêndio.

 

A parlamentar, no entanto, vê a necessidade de atuação em outras áreas para que se crie o que ela denomina uma “cultura de prevenção”.

 

— A questão da prevenção me parece essencial. É o exercício permanente do cidadão de estar atento também, não esperar que tudo caia do Estado, mas que ele cobre. Por exemplo, quando você vai ao cinema, pode procurar onde fica a saída de emergência e eventualmente verificar se aquela saída está trancada. São iniciativas em que o cidadão pode ser protagonista de ações — propõe.

 

Ana Amélia faz um paralelo com as instruções de segurança oferecidas pelos comissários em aeronaves comerciais que, segundo informou, são apresentadas de forma semelhante em teatros nos Estados Unidos.

 

Para a senadora, é importante que nas escolas os alunos recebam informações e tenham práticas que contribuam para desenvolver uma cultura de prevenção. Ela lembra outras áreas onde essa cultura faz falta, como os afogamentos em praias, que aumentam durante a alta estação. Mesmo as noções de primeiros socorros que todo motorista recebe ao obter a carteira de habilitação acabam não surtindo efeito, pois não há uma reciclagem ou uma prática e o conhecimento se perde com o tempo.

 

Antídoto

 

A área da assistência à saúde também está relacionada ao tema. Ana Amélia diz que vai propor uma audiência com especialistas na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para debater o uso do antídoto à intoxicação por cianeto — motivo de todas as mortes na boate Kiss — pelos próprios socorristas.  Tal procedimento é adotado em outros países, como a França. No Brasil, o antídoto — a hidroxocobalamina, um concentrado de vitamina B12— foi importado pelo Ministério da Saúde poucos dias após o incêndio e oferecido no tratamento dos sobreviventes.

 

— Não sou especialista, e quero debater com eles. Mas talvez se os bombeiros ou a equipe médica tivessem à disposição e aplicassem a vitamina B12 nos primeiros socorros, poderiam ter salvado muitas vidas — argumenta a senadora.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)