André Falcão

O palácio do Congresso Nacional está iluminado de azul neste mês de novembro. Senado e Câmara aderiram à campanha Novembro Azul, que tem como objetivo alertar a população sobre a necessidade de cuidar de problemas específicos de saúde que atingem os homens, especialmente o câncer de próstata.

A campanha é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e do Instituto Lado a Lado pela Vida, organização da sociedade civil de interesse público que atua pela humanização da saúde e pela atenção integral ao cidadão. O mês foi escolhido pois em 17 de novembro se comemora o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

Segundo o presidente da SBU, Aguinaldo César Nardi, a falta de informação associada ao preconceito afasta os homens dos consultórios.

— Uma pesquisa feita nas capitais brasileiras em 2009 mostrou que 80% dos homens não vão ao médico por preconceito. Outra pesquisa, deste ano, aponta que praticamente metade dos homens nunca foi ao urologista — conta Nardi.

As estimativas da SBU indicam que um em cada seis homens desenvolverão câncer de próstata. A boa notícia é que esse tipo de câncer, quando diagnosticado no início, tem cura em 90% dos casos.

Aguinaldo Nardi adverte, no entanto, que 30% dos pacientes da rede pública e 20% da rede privada, quando recebem o diagnóstico, já estão em estágio avançado da doença, o que pode causar a morte ou demandar tratamentos mais severos, que podem comprometer a qualidade de vida do indivíduo.

Conscientização

No dia 4, o Congresso promoveu uma sessão solene em homenagem ao movimento Novembro Azul, por iniciativa da senadora Ana Amélia (PP-RS) e da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). No discurso, Ana Amélia lamentou o crescimento do número de mortes por câncer de próstata no Brasil, que passou de 3,73 para cada 100 mil homens, em 1979, para 8,93 em cada 100 mil homens em 1999. Um aumento de 139%.

— Essa estatística certamente seria outra, inversamente a esses dados de crescimento, se a prevenção fosse levada a sério não só pelos homens, que têm que cuidar primeiro de sua saúde... Eu costumo dizer que o homem cuida mais do seu automóvel, leva na revisão periodicamente, mas não faz a sua revisão de saúde como deveria fazer — disse a senadora.

Ana Amélia ressaltou a importância do papel das mulheres  em convencer os homens a fazer os exames preventivos e quebrar o preconceito em relação ao exame de próstata.

— A sessão de hoje é a prova da preocupação das mulheres, tendo sido proposta por duas parlamentares — lembrou.

O senador Waldir Raupp (PMDB-RO) destacou que os pacientes de câncer de próstata estão entre os maiores beneficiados pelo diagnóstico precoce, que pode, de fato, significar a diferença entre a vida e a morte, assim como nos casos de câncer de mama.

— Vejo que as mulheres estão indo mais atrás dos exames precoces, e os homens precisam realmente de um alerta e é este Novembro Azul que vai fazer isso — afirmou Raupp.

Relatando a própria experiência como médico no tratamento de pacientes com câncer, o senador Eduardo Amorim ­(PSC-SE) lembrou que o câncer de próstata é silencioso e assintomático e que a prevenção ainda é o melhor dos remédios.

— Daí a importância de uma campanha dessa magnitude em que se chama a atenção não apenas para a importância de exames periódicos, mas, sobretudo, aos fatores de risco, tais como a idade e, principalmente, a dieta nos nossos dias — disse o senador, citando estudos que  mostram que dietas com base em gordura animal, carne vermelha, embutidos e cálcio têm sido associadas ao aumento do risco de câncer de próstata.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, reiterou o engajamento da instituição na campanha Novembro Azul.

— Que o azul de novembro ilumine as atitudes e mentalidades de todos os brasileiros, deixando de lado tanto a displicência pelos cuidados com a saúde, que pode levar muitos anos de vida perdidos, quanto os preconceitos que embotam a tomada de consciência sobre as possibilidades de prevenção.


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