Especialistas e senador sugerem investimento na diversificação da matriz energética

Da Redação | 03/03/2015, 11h00

Comparado a 2001, o Brasil tem hoje maior capacidade instalada de geração termelétrica — acionada quando a capacidade das hidrelétricas está comprometida. Professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília, Mauro Moura Severino garante que o potencial de geração de energia do país ainda é bem maior que o consumo, mas precisa ser mais bem explorado.

 

— O brasileiro não é um grande gastador de energia. Mas o país tem aumentado sua demanda em 5% ao ano e a geração não está crescendo nesse volume — explica Severino.

 

Com reservatórios secos, o Brasil ligou as termelétricas. O dinheiro gasto para gerar corrente elétrica a partir do movimento da água é bem menor e ecologicamente mais “limpo” que queimar combustíveis — embora o custo de instalação de termelétricas seja menor.

 

Além disso, a operação das termelétricas emite gás carbô- nico, enxofre e compostos com nitrogênio, entre outros. Elas são alimentadas com combustíveis fósseis e consomem muita água para geração de vapor e refrigeração. A resistência dessas usinas também preocupa. De acordo com o consultor Luiz Bustamante, elas foram criadas para serem emergenciais, mas operam na capacidade máxima.

 

— A solução é uma matriz diversificada, com diversas fontes. O Brasil é privilegiado: temos o potencial hidráulico, da biomassa, eólico, solar, nuclear (urânio), agora o petróleo e o gás natural do pré-sal.

 

Em outros países, houve subsídio à energia eólica e aos painéis fotovoltaicos, feitos com células que absorvem a energia do sol e fazem uma corrente elétrica fluir entre duas camadas com cargas elétricas opostas.

 

O professor Severino diz que falta uma estratégia agressiva de subsídio aos painéis no Brasil. Ele calcula que a instalação de um sistema de 1 kW numa casa deve sair por R$ 11 mil, suficiente para o consumo de carga constante. Devido aos picos de demanda energética, precisa ser um reforço para o consumo das famílias, não a fonte principal.

 

Orçamento

 

O senador Hélio José (PSDDF) está disposto a mostrar o potencial dos painéis. Dos R$ 10 milhões em emendas ao Orçamento de 2015 concedidos a cada parlamentar em início de mandato, ele usou R$ 9 milhões para dar autossuficiência a 17 escolas públicas e três hospitais do Distrito Federal que receberão as placas. Depois deve apresentar um projeto de lei para fomentar a energia fotovoltaica e acabar com as termelétricas.

 

— Elas precisam ser extintas — disse o senador, que é servidor de carreira do Ministério de Minas e Energia.

 

Em 2013 passou a vigorar a Lei 12.783, que autoriza a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) a subsidiar investimentos de energia produzida a partir de pequenas centrais hidrelétricas, térmicas com biomassa (bagaço de cana), fontes eólicas, termossolar, fotovoltaica e gás natural (leia mais ao lado). As três primeiras já são reais e têm futuro promissor, mas, segundo o consultor Rutelly Silva, não há um programa para isso. Elas são complementares à hidrelétrica, afinal fontes intermitentes são diferentes de fontes firmes (as hidrelétricas com reservatório e as termelétricas).

 

— As fontes firmes devem constituir a base do sistema porque são, de certa forma, garantidas. Em qualquer momento que houver a demanda por energia, elas podem atender — explica Luiz Bustamante.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)