Quadrilhas se especializam em obter dados de beneficiários para tomar empréstimos

Da Redação | 03/09/2013, 00h00

Cintia Sasse



 

Além dos abusos, há os golpes tramados por quadrilhas especializadas em assaltar os cofres da Previdência e os bolsos dos beneficiários. Na delegacia de Teresina, 59,2% dos 1.652 casos registrados em 2010 eram de crimes de natureza financeira contra o idoso. O mais comum é a ação dos “cartãozeiros”, que oferecem ajuda a idosos em dia de pagamento, identificando-se como funcionários do banco.

Eles aproveitam a aproximação com a vítima para memorizar senha e fazer troca de cartões. Passam a movimentar as contas e fazer operações de crédito, causando prejuízos aos idosos. Segundo o dossiê, a maioria dos estelionatários é “andarilha”. Deslocam-se de uma cidade para outra após os golpes, dificultando a identificação pela polícia. Em muitos casos, as agências bancárias demoram a liberar as imagens das câmeras de segurança, mesmo com a autorização das vítimas, o que dificulta ainda mais a ação imediata da polícia.

No início deste ano, o Ministério da Previdência alertou os beneficiários sobre um novo golpe. Estelionatários estavam entrando em contato por telefone, identificando-se como integrantes do Conselho Nacional de Previdência Social, solicitando dados pessoais para fins ilícitos.

O ministério organizou uma força-tarefa com a Polícia Federal e o Ministério Público. Em março, foi desmantelada uma quadrilha que atuava em Mato Grosso do Sul com ajuda de funcionários do próprio INSS. O golpe consistia em concessão fraudulenta de aposentadorias rurais a pessoas que nunca trabalharam no campo ou não tinham tempo para ter direito ao benefício. Obtida a aposentadoria, a quadrilha fazia empréstimos consignados. Cobrava R$ 5 mil para cada benefício fraudado. Outra quadrilha foi desarticulada em abril. Atuava no Tocantins e no Maranhão. Conseguia benefícios previdenciários com documentos falsificados em nome de índios da etnia guajajara. Para cada benefício, os criminosos faziam empréstimo consignado. Foram desviados R$ 4 milhões da Previdência, causando prejuízo de R$ 1 milhão a bancos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)