Economia do Brasil vai se recuperar em 'V', diz Guedes em comissão mista
Da Redação | 11/12/2020, 19h39
O Brasil gastou até agora R$ 600 bilhões no combate à covid-19. Mais da metade dos recursos (R$ 353 bilhões) no pagamento de auxilio emergencial a 64 milhões de pessoas. Outros R$ 105 bilhões foram transferidos para estados e municípios, enquanto R$ 140 bilhões foram destinados a salvar empresas e manter o emprego formal de 11 milhões de trabalhadores. O balanço foi apresentado nesta sexta-feira (11) pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante audiência pública remota na comissão mista que acompanha as ações do governo federal para enfrentar a covid-19.
— O total representa 8,5% do PIB [Produto Interno Bruto]. Estamos mais ou menos 12% acima das médias dos países avançados e bastante acima dos países em desenvolvimento. Não é por acaso que acreditam que o Brasil vai chegar ao fim do ano perdendo zero em empregos formais. Esse ano, nosso PIB caindo em torno de 4%, o natural seria perdermos 1,2 milhão de empregos, o que ocorreu em dois meses. Mas foram criados um milhão de empregos novos. A economia brasileira realmente voltou em “V” e vai chegar ao fim do ano em vários setores com capacidade produtiva maior, com exceção do setor de serviços, dado o isolamento social. Vários outros setores estão muito além de onde nós estávamos [no começo da pandemia] — afirmou.
Guedes afirmou aos senadores que não haverá aumento para o funcionalismo em 2021, e ressaltou que, embora a concessão do auxílio emergencial termine em 31 de dezembro de 2020, o pagamento continuará até meados de fevereiro do próximo ano, de acordo com o cronograma estabelecido pela Caixa Econômica Federal. O ministro calculou que a campanha em vacinação em massa deverá consumir R$ 20 bilhões.
“Ano exemplar”
O ministro disse ainda que 2020 foi “um ano exemplar na boa política”. Para ele, a atuação do Congresso Nacional e do Poder Executivo foi decisiva para transferir recursos com o objetivo de proteger a população.
— O que protegeu o brasileiro foi a alocação de recursos que a boa política produziu, não foi a indexação, esse fóssil do passado vergonhoso de hiperinflação. Vamos gastar mais com saúde e não vamos dar aumento para funcionalismo. No momento em que pessoas estão com risco de perder a vida e o emprego, por que vai haver aumento para o funcionalismo? A prioridade é a saúde em 2021. Os gastos que levaram o déficit para 12% do PIB podem cair para 3%, mostrando que o Brasil é um país sério que não transformou gastos transitórios com saúde em gastos permanentes com o funcionalismo, que bem entendeu isso — afirmou.
Teto de gastos
Na avaliação de Paulo Guedes, o teto de gastos será necessário enquanto o país não promover a desindexação de salários. Segundo ele, a classe política deve assumir o desafio de controlar o Orçamento, “ou continuaremos premidos por controles que nos são impostos pela nossa própria falta de disciplina para assumir orçamentos”.
O ministro da Economia afirmou ainda que o governo federal não descartou o uso de ferramentas que se encontram dentro do teto de gastos, como a antecipação de benefícios, como forma de “calibrar a aterrissagem da economia ali na frente”.
— Estamos relativamente satisfeitos. Ninguém pode estar satisfeito em meio à pandemia, mas temos um senso de responsabilidade, uma certa resiliência, um senso de dever cumprido. Mas não há milagres, precisamos das reformas para a recuperação baseada no consumo se transformar em desenvolvimento econômico a base de investimentos — afirmou o ministro.
Comissão mista
Estão previstas mais duas reuniões da comissão mista em dezembro: uma no dia 16, para leitura do relatório final, a ser apresentado pelo deputado federal Francisco Júnior (PSD-GO), e outra no dia 18, para a votação desse relatório, quando deverão ser encerradas as atividades da comissão mista.
Presidida pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO), a comissão da covid-19 tem prazo de funcionamento até 31 de dezembro, data do encerramento do período de calamidade pública estabelecido por decreto.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
MAIS NOTÍCIAS SOBRE: