Governador do ES cobra coordenação nacional para enfrentar pandemia

Da Redação | 25/06/2020, 12h28

O Brasil precisa de uma coordenação central, nacional, para alinhar as medidas de enfrentamento à pandemia da covid-19 tomadas pelos estados, facilitar a aquisição de medicamentos e insumos e planejar as providências a serem adotadas em médio e longo prazos e que permitam ao país superar as dificuldades causadas pela crise de saúde que virou econômica. Essa foi a cobrança feita pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), nesta quinta-feira (25), em audiência da comissão mista de acompanhamento das medidas relacionadas ao novo coronavírus.

Apesar de reconhecer a importância da chegada de recursos públicos federais, que entraram nos cofres dos estados em junho, para auxiliar na atenção aos afetados pela covid-19, o representante do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, que reúne os estados das duas regiões para pautas conjuntas, lamentou a ausência da orientação — e até mesmo o trabalho contra as ações regionais — do presidente Jair Bolsonaro nesse enfrentamento.

— Na área geral, da ação do enfrentamento da pandemia, nós governadores ressentimos muito da ausência e da coordenação nacional do governo federal, que podia estar numa coordenação mais ampla de enfrentamento da pandemia, de orientação e de palavras, na mesma direção de governadores e prefeitos. Essa falta de coordenação nacional, a troca de ministros, a politização do tema dos medicamentos e do próprio isolamento e distanciamento social, o enfrentamento provocado pelo presidente da República acabaram dificultando um pouco nosso trabalho, porque pregamos o comportamento de isolamento e o presidente tem outra visão sobre o distanciamento, e a prática dele demonstrou isso. Isso causou um estresse na relação — avaliou o governador em sua apresentação inicial.

Casagrande afirmou que a palavra do presidente da República tem um efeito muito forte e suas ações e declarações tem grande impacto nos estados, especialmente num ambiente político conflagrado, com campos ideológicos se enfrentando e com posições políticas extremadas, o que dificulta a adoção, por parte da população, de medidas sugeridas pelos governadores.

— Registro a necessidade dessa coordenação. Não se fez até agora, mas é possível que se faça ainda, até para ficarem em sintonia as ações do governo e do Congresso, que foi fundamental quando apoiou a ajuda [financeira] para estados e municípios — disse o governador.

Medicamentos

Ao defender mais uma vez essa coordenação nacional, Casagrande sugeriu uma medida a ser tomada pelo Ministério da Saúde: a sistematização das compras, especialmente de medicamentos, para os estados.

— Que o Ministério da Saúde possa coordenar a compra de medicamentos e insumos e equipamentos para ser usados nas UTIs. A demanda do mundo todo é muito grande, estamos com dificuldade para fazer essas compras. A coordenação do governo federal é essencial, e o Congresso Nacional pode ajudar nesse trabalho — opinou.

Casagrande também pediu que o Executivo registre e credencie os leitos de UTI montados pelos estados durante a pandemia. Com esse reconhecimento e habilitação oficiais, os estados ficam credenciados a receber do governo federal recursos orçamentários para a manutenção desses leitos na rede pública.

Economia

Renato Casagrande também salientou a importância da adoção de medidas de auxílio econômico para os empreendedores, especialmente os pequenos comerciantes. Apesar de a crise ser de saúde e de assistência social, a economia foi fortemente impactada e, mesmo com ações estaduais pontuais, como a abertura de linhas de crédito, mais uma vez é necessária uma ação múltipla e coordenada do governo federal, observou.

— Os efeitos da pandemia são de médio ou longo prazos. Mesmo que a gente consiga chegar a uma situação mais adequada no Brasil, são muito fortes os efeitos econômicos. Vamos precisar continuar tomando medidas de redução de impactos da pandemia. Os estados têm um papel secundário, porque quem tem poder de emitir moeda, de aumentar déficit, é a União, o poder central. Eu não tenho. Se meu dinheiro acabar, acabou. Não tenho como fazer mais nada. Essa coordenação é importante que aconteça pelo tamanho, dimensão e pelo tempo que teremos de impacto da pandemia no nosso país — avaliou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)