Humberto Costa acusa Bolsonaro de tentar controlar Polícia Federal

Da Redação | 24/04/2020, 17h27

Em pronunciamento nesta sexta-feira (24), o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou a falta de liderança do presidente da República, Jair Bolsonaro, no combate à pandemia de coronavírus — que, segundo ele, vem crescendo a taxas alarmantes no país. E, ao afirmar que o presidente vem gerando crises em seu próprio governo, em vez de se dedicar à crise sanitária, o senador acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na autonomia da Polícia Federal para ter controle pessoal sobre investigações.

— E qual a razão disso? As investigações do Supremo Tribunal Federal [STF] para apurar ataques aos ministros dessa corte, ataques feitos por meio da divulgação de notícias caluniosas, de pregação de ódio e violência contra esses ministros e seus familiares, chegaram a algumas conclusões importantes. Uma delas é que há um sistema iniciado pelo filósofo, ou pseudofilósofo, Olavo de Carvalho, que passa pelo filho do presidente da República, Carlos Bolsonaro, e que se transforma em ação concreta no chamado gabinete do ódio, grupo formado por assessores diretos do presidente da República que elabora, produz e dissemina notícias falsas e ataques de ódio — declarou.

Segundo Humberto, o inquérito do STF já identificou os principais divulgadores dessas notícias falsas, apontando a participação de parlamentares e integrantes do governo, além de empresários. O senador declarou que “essa máquina de produção de mentiras” ataca o STF, o Congresso Nacional e outras autoridades políticas.

Humberto ressaltou ainda que a comissão parlamentar de inquérito que investiga notícias falsas disseminadas pela internet (a CPI das Fake News), em funcionamento no Congresso Nacional, também teria identificado “figuras relevantes bolsonarismo” que estariam diretamente envolvidos nessas práticas. 

— Por essa razão, Bolsonaro quer, de todas as formas, acabar com as investigações por intermédio do controle da Polícia Federal. Ao mesmo tempo, ele quer afastar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, porque o considera um concorrente direto na disputa de 2022. Moro já cumpriu o seu papel; ele já tirou dessa disputa, pela perseguição política, o ex-presidente Lula, que foi injustamente condenado. Moro também já cumpriu, como ministro, o seu papel de proteger figuras proeminentes do bolsonarismo — declarou o senador, que fez esse pronunciamento antes de Sergio Moro anunciar sua demissão, também nesta sexta-feira.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)