Divulgação de 'grampo' do telefonema entre Dilma e Lula repercute no Senado

Da Redação | 16/03/2016, 20h18

Durante a sessão ordinária desta quarta-feira (16), a notícia do vazamento de uma gravação com um diálogo entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acirrou os ânimos no Plenário. Senadores da oposição pediram a renúncia imediata da presidente da República e senadores da base governista criticaram duramente o vazamento da gravação, cujo diálogo teria ocorrido poucas horas antes.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, apaziguou os ânimos ao pedir que todos, primeiramente, se inteirassem da totalidade dos fatos.

— A democracia deve estar acima de todos nós. Temos que zelar pela democracia, o atual período democrático é o mais longevo do Brasil. Precisamos aguardar para conhecermos a totalidade dos fatos. Ponderação e equilíbrio — sugeriu Renan.

O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), foi o primeiro a dar a notícia no Plenário. Para ele, a conversa em que Dilma trata do termo de posse para que o ex-presidente seja nomeado ministro demonstra que a presidente está dificultando o trabalho da Justiça.

— É o fim do governo e a Dilma agora tem de renunciar à Presidência da República. Quebrou o decoro e quebrou a condição de presidir o país. Ela usa um termo de posse para dificultar o trabalho da Justiça. É inaceitável esse comportamento. Ela não tem condições de governar o país, tem que pedir renúncia neste momento — disse Caiado.

Em seguida, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o diálogo capturado entre Dilma e Lula “não tem problema algum”. Para ele, o que é “extremamente grave” é um vazamento “despropositado de uma conversa pessoal” da presidente da República.

— Esse vazamento precisa ser investigado. O diálogo não tem problema algum. O que é grave é gravarem uma conversa da presidente da República e divulgarem no mesmo dia. São vazamentos seletivos feitos para aprofundar a crise política do nosso país. Tinha autorização do STF [Supremo Tribunal Federal] Quem vazou? Foi a Polícia Federal? Foi o juiz Sérgio Moro? — indagou Lindbergh.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) acompanhou a opinião de Caiado e disse que a gravação mostra que a presidente Dilma trabalhou para obstruir a Justiça. Ele também sugeriu que Dilma renuncie.

— Não há mais saída, é o fim de tudo isso — afirmou Cássio Cunha Lima.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que há boatos de que o juiz Sérgio Moro teria quebrado o sigilo das ligações telefônicas de Lula e entregado para a TV Globo.

José Agripino (DEM-RN) disse não ter mais dúvidas que a nomeação de Lula para ministro da Casa Civil ocorreu para blindar o ex-presidente e obstruir a Justiça. Para ele, o Congresso precisa dar continuidade urgente ao processo de impeachment contra Dilma.

Por sua vez, José Pimentel (PT-CE) criticou veementemente o juiz Sérgio Moro, o qual chamou de “ditador”, “juizinho de primeira instância” e “juiz irresponsável”. Na opinião de Pimentel, Moro está “rasgando a Constituição”.

— Esse país não pode ser vítima da vontade de alguns em detrimento das leis. Estão querendo pegar um atalho para chegar à Presidência da República — afirmou Pimentel.

Telmário Mota (PDT-RR) também criticou o vazamento e Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que tanto o diálogo quanto o vazamento “envergonham a nação”.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)