Cumprimento das metas da LDO dependerá do ambiente político, analisam senadores

Guilherme Oliveira | 15/04/2015, 21h04

O Senado recebeu na tarde desta quarta-feira (15) o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano de 2016, e o assunto já começou a ganhar corpo na Casa. Analisando as principais metas estipuladas no texto, as lideranças do governo e da oposição concluem que o ambiente político será crucial para que as metas sejam alcançadas e a economia entre em ritmo de recuperação a partir do ano que vem.

— Nunca houve uma situação extremamente difícil na economia. Nossos problemas continuam na política. Se acertarmos na política, a possibilidade de acertarmos na economia é muito grande – avalia o senador Humberto Costa (PE), líder do PT. Ele considera as metas propostas na LDO “bem realistas” e “fiéis aos compromissos” assumidos pela equipe econômica do governo.

A opinião é corroborada pelo vice-líder do partido, senador Paulo Rocha (PA). Ele admite que o restante do ano de 2015 será difícil, mas entende que servirá para que o governo crie as condições para a retomada do crescimento a partir de 2016.

— A partir desses números, o governo tem que ter a capacidade de fazer com que venham outros ventos no segundo semestre. Temos argumentos, âncoras montadas para dar sustentabilidade a eles. A oposição naturalmente vai questionar, e aí entra o debate político — disse o senador.

Críticas

O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), questionou as perspectivas econômicas apresentadas na LDO. Para ele, os indicadores devem ser vistos "com desconfiança” porque falta ao governo credibilidade para garanti-los.

— Dificilmente essas metas serão atingidas, até porque o que está previsto para 2015 já não será alcançado. Teremos inflação acima do teto e estamos com atividade econômica em recessão provocada pelo governo da presidente Dilma — alertou.

Para Cássio Cunha Lima, a própria atuação do governo impõe dificuldades à estabilização econômica, porque cria um clima político adverso. Ele também cita as denúncias de corrupção em órgãos públicos apuradas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

— A instabilidade política é gerada pelo próprio governo, não apenas por sua condução no campo fiscal mas também pela descrença da sociedade diante de tantos escândalos de corrupção que não cessam de surgir — afirmou.

Números

A LDO para 2016 prevê um crescimento do PIB de 1,3% em relação a 2015 e uma meta de inflação anual de 5,6%. O superávit - economia do governo para pagamento de juros da dívida - é estimado em 1,2%. O salário mínimo foi estimado em R$ 854,00.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)