Os benefícios e os perigos da radioatividade

Da Redação | 25/09/2012, 00h00

Joseana Paganine

De acordo com o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, a radiação é uma forma de energia que se propaga no espaço, a partir de uma fonte emissora. Ela pode interagir com o corpo humano e alterar as estruturas celulares. A luz do sol é a forma mais comum de radiação.

A radioatividade é a emissão espontânea de radiação por determinados elementos químicos. Foi descoberta em 1896, pelo físico francês Henri Becquerel. Ele esqueceu uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem e constatou no dia seguinte um fato diferente: o filme foi marcado por raios emitidos pela rocha.

A descoberta passou a ser estudada e utilizada para beneficiar o homem. Mas, se mal utilizada, pode ter efeitos irreversíveis.

A exposição descontrolada à radioatividade é prejudicial ao homem. Segundo relatório da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados sobre segurança nuclear, as consequências para os seres humanos são muitas e variáveis, dependendo dos órgãos e sistemas corporais atingidos.

Conforme o caso, pode haver consequências também para os descendentes diretos.

A gravidade dependerá da dose absorvida, do tempo de exposição e da forma de exposição, se no corpo inteiro ou se localizada. Quando a dose de radiação é alta, muitos tecidos e órgãos do corpo são atingidos. Entre os sintomas, estão náuseas e vômitos, queda de cabelo, distúrbios do comportamento, alterações no sangue e lesões na pele.

Quanto menor for o intervalo de tempo entre a exposição e o início dos sintomas, mais grave é o quadro. É o que se chama de síndrome aguda das radiações (SAR). O câncer está entre os efeitos tardios. As manifestações hereditárias ou genéticas podem surgir como resultado de danos em células reprodutoras da pessoa que sofreu a radiação.

No caso dos acidentados de Goiânia, algumas pessoas já apresentavam náuseas e vômitos no mesmo dia do contato com o césio 137, em quadro típico de SAR. Além das quatro mortes, diversas pessoas sofreram amputações, falência de medula óssea e lesões cutâneas em consequência da radiação.

 

Usos mais comuns


Agricultura: A tecnologia de irradiação de alimentos melhora a qualidade de produtos alimentícios. Utilizado em frutas frescas, grãos e vegetais, o processo previne o brotamento, retarda a maturação e aumenta o tempo de conservação dos alimentos, facilitando o armazenamento e evitando transmissão de doenças.

Indústria: A técnica nuclear mais conhecida nessa área é a gamagrafia, uma radiografia de peças metálicas ou de estruturas de concreto, com a qual é possível verificar se há defeitos ou rachaduras que possam causar vazamentos. Foi utilizada, por exemplo, na construção do gasoduto Brasil–Bolívia.

Medicina: A irradiação possui várias aplicações na medicina. Uma delas é a radioterapia, empregada no tratamento de tumores. Também existem os radiofármacos, usados em avaliações neurológicas e cardiológicas, e os radioisótopos, cujo elemento mais comum é o iodo 131, que auxilia no diagnóstico de doenças da tireoide. A radioesterilização é outra tecnologia importante, aplicada no sangue e seus derivados e em tecidos humanos destinados a transplantes.

Meio Ambiente: Técnicas nucleares são empregadas em pesquisas nas áreas de monitoração e recuperação ambiental. Com elas, é possível avaliar os recursos hídricos, a física e a química de solos, datar superfícies, sedimentos marinhos, árvores e sítios arqueológicos. Já os traçadores radioativos permitem acompanhar o trajeto de poluentes no ar, no mar, nos rios ou no solo e, assim, detectar danos ao meio ambiente.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)