Condutores de gado têm características próprias em cada região do país

Da Redação | 08/10/2013, 00h00

Janaína Araújo e Pedro Pincer

A expressão nordestina “vaqueiro”, adotada na regulamentação da profissão, não é a única forma de designar quem lida com animais nas zonas rurais do Brasil. Peão de boiadeiro, como é conhecido no Norte, Centro-Oeste e Sul, também é uma referência comum. No Norte, chama a atenção o trabalho daqueles que cuidam dos rebanhos de búfalos na Ilha de Marajó. No Pantanal, existem os peões que tocam grandes boiadas com berrantes. Nos Pampas, os boiadeiros com bombachas, ponchos e boleadeiras — tipo de arma usada para caçar animais nas pradarias do Sul.

E, no Nordeste, os vaqueiros marcam presença com roupas de couro cru e curtido, de carneiro e de bode. É o único traje de trabalho do Brasil Colônia ainda em uso, segundo o antropólogo Washington Queiroz, autor de Histórias de Vaqueiros: vivências e mitologia. O início do ofício, explica o estudioso, remonta às primeiras cabeças de gado que chegaram ao Brasil, em São Vicente (SP), em 1534, e no Recife, em 1535, conforme Oswald Barroso, Sebastião Ponte e Margarita Hernández.

Em 1972, o marechal Rondon definiu o boiadeiro como “comprador de gado para revender, comerciante de gado, intermediário entre os fazendeiros criadores e açougueiros”. Atualmente, segundo a pesquisa Comitiva de Boiadeiros no Pantanal Sul-Mato-Grossense: modo de vida e leitura da paisagem, de Maria Olivia Ferreira Leite e Sueli Angelo Furlan, da Universidade de São Paulo (USP), o comprador de gado ainda é denominado de boiadeiro, mas não é o mesmo que viaja em comitivas. As pesquisadoras apontam a existência do boiadeiro comprador-vendedor de gado, que costuma ser o proprietário ou gerente de fazenda e o peão boiadeiro, que viaja nas comitivas. As roupas ajudam no trabalho árduo e cansativo, protegendo da exposição ao sol, chuvas e vegetação.

A regulamentação abrange trabalhadores não montados, ao especificar como características profissionais o trato, o manejo e condução de cabras e ovelhas. Cria-se uma cultura específica em cada região. Sertanejos e peões boiadeiros servem de inspiração a escritores e músicos, além de movimentar cidades com exposições, festas e levar às pessoas um jeito peculiar de se vestir.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)