Atividade tradicional inspira compositores e sonhos

Da Redação | 08/10/2013, 00h00

Janaína Araújo e Pedro Pincer

O termo “vaqueiro”, no Nordeste, designa não só o profissional que cuida de rebanho de gado, mas também o representante de uma cultura riquíssima, marcada pela indumentária de couro, o berrante e o aboio, indispensáveis a quem se dedica a essa arriscada atividade.

O mais ilustre vaqueiro é Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga, que morreu em Serrita (PE) durante uma briga de foice com um companheiro que invejava sua competência e coragem, segundo a lenda. O Rei do Baião, além de compor a canção A Morte do Vaqueiro, também criou, com o padre João Câncio, a popular Missa do Vaqueiro, que reúne milhares de pessoas desde 1971. O local da celebração é o Sítio Lages, onde o corpo de Jacó foi encontrado em 18 de julho. Desde então, anualmente, no terceiro domingo de julho, vaqueiros de todo o Nordeste se encontram em romaria para renovar a fé. A celebração se assemelha a rituais católicos, com toques especiais: no lugar da hóstia, vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, montados a cavalo. Mais de 1.500 vaqueiros participam da liturgia.

Durante a sessão que marcou a regulamentação da profissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB) mostrou outra vertente na qual a cultura do vaqueiro tem presença marcante: a poesia.

— Eu venho desde menino, desde muito pequenino, cumprindo o belo destino que me deu nosso Senhor. Eu nasci para ser vaqueiro, sou o mais feliz brasileiro, não invejo dinheiro, nem diploma de doutor — declamou o senador, citando trechos de O Vaqueiro, do cearense Patativa do Assaré, verso que foi musicado por outro cearense, Raimundo Fagner, na canção Sina, do disco Manera Frufru Manera, de 1973.

Luiz Gonzaga não retratou a rotina sofrida da categoria apenas na já citada A Morte do Vaqueiro. Vida de Vaqueiro e Vaqueiro Véio estavam entre as canções com que o pernambucano de Exu, com chapéu e sanfona, levava a cultura do vaqueiro para além dos rincões mais distantes. Obras mais recentes, como a canção Saga de um Vaqueiro, executada por várias bandas de forró, mostram que as histórias do povo que veste chapéu e gibão não deixaram de inspirar  compositores e sonhos como o de Vital, que, em Plenário, revelou o desejo de seguir a profissão, quando criança.

— São esses os sentimentos que trago, revendo um pouco a minha infância, revendo um pouco a minha trajetória de vida. E quantos, aqui como eu, não podem falar a respeito de suas experiências? O vaqueiro, antes de tudo um homem de coragem, é um homem submetido à mais alta forma cáustica do exercício da profissão.

Saiba mais

Produção da Pecuária Municipal 2010 — IBGE

http://bit.ly/PPM2010

Projeto de Lei da Câmara  83/2011

http://bit.ly/PLC83de2011

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