Entre uma corrida e outra, o debate entre um taxista e um profissional ligado ao aplicativo
Da Redação | 15/09/2015, 11h45
Marcos Naylan é taxista há três meses. Aluga uma licença para poder trabalhar. Vai para as ruas todo dia e conta que está gostando do novo ofício. Rogério Freitas é motorista do Uber desde fevereiro. Atuava em outra área, mas como passava muito tempo longe de casa, mudou de função. Assim como Marcos, diz estar adorando a nova opção de trabalho.
— Os brasilienses estão procurando muito o nosso serviço. Espero que saia uma regulamentação para que a gente possa trabalhar mais sossegado, além de fazer uma parceria com os taxistas. Eu acho que esse é o ponto principal — diz Rogério. O desejo pela regulação do Uber também é defendido pelo taxista Marcos.
— Investimos tempo e dinheiro. Temos que fazer curso de formação, que é pago e dura até duas semanas. A gente paga o aluguel da licença. Há os custos com a documentação e com o cadastro nos órgãos públicos — conta.
Ele também se queixa do aluguel que tem que depositar todo santo dia na conta do dono do alvará do táxi.
— Ninguém gosta de sair de casa devendo. Nunca é bom. É um aluguel justo? Depende do ponto de vista. O dono da autorização acha que fez investimentos e o motorista entra apenas com a mão de obra. Logicamente que do nosso ponto de vista nunca é justo. A gente trabalha dez horas por dia para conseguir pagar o aluguel — avalia Marcos.
Segundo ele, por causa do Uber, a autorização para ter um táxi em Brasília passou de R$ 120 mil há seis meses para R$ 80 mil agora. Rogério responde que para dirigir os carros que fazem parte da frota do Uber também há exigências custosas. Para começar, o interessado tem que ser dono do veículo.
— Me cobraram um nada-consta atualizado da Polícia Federal e da polícia civil. Além disso, necessitamos ter um seguro para os passageiros no valor de R$ 50 mil. A cada viagem o passageiro faz uma avaliação. Quando não somos bem avaliados, somos retirados da plataforma — diz o motorista do Uber.
Para Rogério, é importante que o poder público estabeleça regras claras sobre o serviço. Ele acredita, inclusive, que, com a atividade legalizada, taxistas que alugam licenças poderão ter uma oportunidade a mais de trabalho.
— O Uber é um serviço similar ao táxi, por isso defendo a regulamentação. É, porém, uma tecnologia nova e sempre a tecnologia vai chegar antes das leis.
O taxista Marcos não discorda completamente da existência do Uber. Diz que o interesse maior deve ser o do cliente, mas quer regras e exigências semelhantes para todos. Está ainda preocupado que uma lei federal não abrace as características regionais do Brasil.
— O Brasil é um país continental e é preciso respeitar as diferenças de cada região. O projeto deve ser bem elaborado e bem debatido com todos os envolvidos, inclusive a sociedade.
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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)