Elas têm 52% dos votos, mas só ocupam 11% dos cargos

Da Redação | 10/03/2015, 11h00

Conforme a consultora legislativa do Senado Conceição Lima, as mulheres são a maioria do eleitorado, totalizando 7 milhões a mais de votos que os homens— ou 52% contra 48%. Contrasta com essa realidade o baixo sucesso eleitoral em 2014: só 11% dos cargos em disputa em todo o país ficaram com candidatas. No Congresso, a bancada feminina é formada por 51 deputadas (9,94% das 513 cadeiras) e 13 senadoras (16% das 81 vagas).

 

O fenômeno deixa o Brasil somente à frente do Haiti no ranking de representação política feminina na América Latina. Conceição avalia que a falta de correspondência entre a constituição social e a composição dos cargos políticos leva a uma representação débil.

 

— As mais diversas correntes consideram a participação de diferentes grupos no processo decisório como um elemento importante do desenvolvimento democrático.

 

Ela destaca que, na Argentina, o Partido Justicialista reserva de 30% a 50% das vagas para candidatas. Na Bolívia, o Partido da Unidade Nacional tem metade da lista destinada às mulheres, assim como o Partido Revolucionário Institucional do México. Na Alemanha, os partidos adotam de 30% a 50% de cota. Já no Reino Unido, o Partido Conservador reserva 40% e o Trabalhista, 50%.

 

A baixa representatividade das mulheres no Brasil pode ser compreendida com a pesquisa do DataSenado do ano passado. Segundo o levantamento por entrevista telefônica com 1.091 cidadãos em todos os estados, o principal motivo alegado pelas mulheres para não se candidatarem é a falta de apoio dos partidos políticos (43%). Aparecem por último motivos que muitas vezes parecem ao senso comum serem os mais impeditivos: falta de apoio da família (6%) e tarefas domésticas (5%). A maioria das mulheres (60%) respondeu que se candidataria se acreditasse que teriam chance de vencer.

 

Ainda há, porém, mulheres que só votam em homens. Foi o que relatou a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), que, na campanha à Câmara, ouviu de uma eleitora que havia gostado das propostas, mas que não votaria em mulher.

 

— Ela me falou que política é lugar de homem e, por isso, não me daria o voto. É preciso enfrentar o preconceito das próprias mulheres. Por isso, considero importante a eleição minha e de três deputadas para presidentes de comissões da Câmara, além de cargos na Mesa.

 

Uma novidade no Congresso é que, pela primeira vez, uma mulher, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), vai presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO).

 

Violência

 

Como parte da programação especial de março, será instalada hoje, no Salão Nobre do Senado, a Comissão Permanente Mista de Combate à Violência Contra a Mulher. O colegiado foi proposto pela comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que funcionou durante mais de um ano.

 

Também resultado da CPMI, o Projeto de Lei 8.305/2014 (PLS 292/2013 no Senado), que tipifica o crime de feminicídio, foi sancionado ontem pela presidente Dilma Rousseff na presença de várias parlamentares.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)