Para ser um doador de ossos é importante manifestar essa intenção aos familiares ao longo da vida, pois, confirmada a morte do doador, a autorização para a cirurgia de retirada do material é dada somente pela família ou por representante legal. Uma das razões para o reduzido número de doações de ossos no país é o receio de que o corpo não tenha sua aparência preservada no velório.


Mas a Lei 9.434/97, conhecida como Lei dos Transplantes ou Lei da Vida, determina que, "após a retirada de tecidos, órgãos e partes, o cadáver será condignamente recomposto para ser entregue, em seguida, aos parentes ou seus responsáveis legais para sepultamento". De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), instituição responsável pela captação das doações no Rio de Janeiro, as regiões com ausência de pele são cobertas e as cavidades preenchidas com material sintético. Em nenhuma hipótese são retirados ossos da face do doador. 

Segundo o diretor médico do Banco de Tecidos Músculo-Esqueléticos do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Paulo Alencar, geralmente são retirados ossos apenas de braços e pernas. Uma única doação pode beneficiar entre 30 e 35 pacientes. 

Os ossos podem ser transplantados na forma original ou em pequenos fragmentos. As cirurgias são indicadas para portadores de tumores ósseos, para evitar amputação; pacientes com próteses de quadril ou de joelho, que precisam ser trocadas devido ao desgaste do material; e ainda crianças portadoras de graves deformidades da coluna vertebral, que necessitam de cirurgia corretiva.

A Lei dos Transplantes também estabelece que a retirada de tecidos e órgãos do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica. Tal estado será constatado e registrado por dois médicos que não integrem as equipes de remoção e transplante e que devem utilizar critérios definidos pelo Conselho Federal de Medicina.

Nos Estados Unidos são feitas cerca de 12 mil doações de ossos anualmente, que permitem mais de 150 mil operações de transplantes de tecidos ósseos. No Brasil, a média é de 50 doações por ano. O Into, o maior banco de ossos do país, com condições de captar e processar cerca de 60 doações por mês, recebeu apenas 11 em 2007 e dez em 2008.


Compartilhar: Facebook | Twitter | Telegram | Linkedin