China e Estados Unidos podem servir de inspiração

Da Redação | 10/11/2015, 10h05

 

LeBron James é um exemplo do sucesso da política esportiva dos Estados Unidos. Foto: Christopher JohnsonSe você já passou noite em claro em frente à TV vibrando com as cestas de lendas do basquete como Michael Jordan e LeBron James, agradeça à tradicional política esportiva universitária que é praticada nos Estados Unidos.

 

Naquele país, a National Collegiate Athletic Association (NCAA) representa a organização máxima dos esportes universitários. Em uma realidade muito diferente da brasileira, a entidade abrange mais de 20 modalidades em quase mil instituições de todo o país.

 

O destaque que se dá para a formação gradual do esportista consolida as modalidades dentro das instituições de ensino. É praticamente impossível que um atleta deixe de passar pela etapa universitária — essencial para aqueles que querem se tornar profissionais.

 

No Brasil, ao atingir a maioridade, grande parte dos atletas precisa optar entre os estudos e o esporte. Para não abandonar a carreira e, ao mesmo tempo, ingressar na faculdade, a oportunidade de intercâmbio com bolsas de estudos para atletas no exterior atrai um número cada vez maior de estudantes brasileiros.

 

Pela precariedade de estrutura e investimento, as universidades brasileiras exportam atletas e não fidelizam os esportistas em solo nacional. Embora não se tenham dados divulgados sobre o número de atletas brasileiros nas universidades americanas, é possível ter um parâmetro geral da captação de atletas estrangeiros pelas faculdades norte-americanas.

 

Segundo dados recentes da NCAA, do total de quase 455 mil estudantes atletas, mais de 8 mil são intercambistas de todo o mundo. A estratégia de sucesso consiste em oferecer estrutura de treinamento e oportunidade de crescimento para possíveis talentos nas ligas nacionais.

 

O Brasil está longe de ter tal visão empreendedora. A formação integral do cidadão fica comprometida pelo sistema falho das categorias de base de muitas modalidades.

 

Projeto 119

 

Ao terminar os Jogos de Pequim, em 2008, com 51 medalhas de ouro, 21 de prata e 28 de bronze, no total exato de 100, a China foi o primeiro país asiático a fechar a competição na liderança, desbancando a hegemonia americana desde os Jogos de Atlanta, em 1996.

 

O planejamento chinês para se tornar uma nova potência olímpica foi iniciado em 2000, logo após o país saber que as Olimpíadas de 2008 seriam em sua capital. O Projeto 119, criado pela Administração Geral de Esportes da China visando à formação de campeões em modalidades nas quais a China nunca teve tradição, como boxe, remo e vela, alcançou sucesso maior que o esperado em curto espaço de tempo.

 

Já em Sydney, na Austrália, em 2000, o país bateu o recorde de medalhas de ouro em Olimpíadas, que era de 16, chegando a 28 vitórias. Em Atenas, na Grécia, em 2004, a China ganhou 32 ouros, ficando a 4 dos Estados Unidos. Ao conquistar ouro em esportes como natação, atletismo, canoagem e tênis, os chineses mostraram que o grande investimento na formação de atletas na base é o caminho a ser seguido pelos países que sonham um dia em se tornar uma potência olímpica.

 

É simbólica a vitória da tenista Na Li sobre a bicampeã olímpica Venus Williams, por duplo 7/5. Assim como a da nadadora Zige Liu, nos 200 metros borboleta, com direito ao recorde mundial. Ou o triunfo do esgrimista Zhong Man, responsável pela primeira medalha de ouro chinesa na modalidade.

 

Em 2012, em Londres, os chineses ficaram com a vice-liderança no quadro de medalhas, com 38 ouros conquistados, 8 atrás dos Estados Unidos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)