De acordo com o meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTE) Carlos Nobre, nos últimos anos a Humanidade injetou na atmosfera gases que aumentam o efeito estufa, provenientes, principalmente, da utilização de petróleo, gás natural e carvão, além das queimadas em florestas. Essa é, segundo Nobre, a mais provável explicação para a temperatura média do planeta ter subido 0,7ºC no último século.

Os animais liberam CO2 na respiração, mas essa emissão é equilibrada pelos vegetais, que absorvem o gás carbônico na fotossíntese. Já a emissão de CO2 pela queima de combustíveis fósseis não é compensada, nem a destruição de florestas. Outro gás de efeito estufa que também tem aumentado de forma preocupante é o metano, que apesar de liberado em quantidades menores que o CO2, é vinte vezes mais potente que ele. O aquecimento também pode ser resultado de uma flutuação natural de temperatura.

"Não existe certeza, mas há sinais que indicam que a causa seja mesmo a potencialização do efeito estufa", explica Nobre. O primeiro sinal é que o aquecimento da atmosfera não está sendo uniforme (como ocorre num aumento natural da temperatura por estar entrando mais radiação solar). "Só recentemente sondas chegaram à estratosfera, e verificou-se um esfriamento nas altas camadas da atmosfera, apesar do aquecimento na superfície", diz. Outro sinal são simulações científicas que também evidenciam a "culpa" dos gases.

Mudança de clima gera desequilíbrio

Os cálculos ainda são imprecisos, mas a previsão é que o aumento pode oscilar de 1,40°C a 5,8°C até o final do século. Segundo um dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um aquecimento desta ordem de grandeza:

- vai alterar os climas em nível mundial (mais calor e enchentes em algumas áreas, e secas crônicas em outras);

- pode ocasionar o derretimento das calotas polares, com desaparecimento de algumas geleiras e o conseqüente aumento do nível médio das águas do mar de 30 a 50 cm. Ecossistemas poderão ser atingidos e os habitantes serão prejudicados com o alagamento das ilhas e regiões litorâneas baixas;

- trará prejuízos à produção agrícola, com redução das colheitas em muitas regiões tropicais e subtropicais;

- vai aumentar a umidade e o calor, que facilitam a proliferação de insetos e das doenças por eles transmitidas, como malária e dengue;

- aquecerá as águas, ocasionando o desvio de curso de correntes marítimas e a extinção de animais marinhos. Tufões, furacões, maremotos e enchentes podem ocorrer com mais intensidade.

 


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