Prisão do coronel Naime desrespeita o devido processo legal, diz Girão

Da Agência Senado | 28/06/2023, 18h00 - ATUALIZADO EM 29/06/2023, 10h23

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) defendeu em pronunciamento nesta quarta-feira (28) a soltura do coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do operações da Polícia Militar do Distrito Federal. Preso por determinação do Supremo Tribunal Federal, Naime foi ouvido na segunda-feira (26) pela comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga as invasões às sedes dos Poderes da República em 8 de janeiro. Aos parlamentares, o coronel relatou sua atuação durante o episódio, quando chegou a ser ferido.

— Mesmo estando de folga nesse dia 8, ele foi convocado, chegando ao local, chegando aqui às 17h40, quando ajudou a desocupar os prédios invadidos e a efetuar, sob comando dele, de folga, 400 prisões, sendo inclusive atingido por um rojão que feriu suas pernas. [...] Isso foi mostrado lá durante a CPMI, por um colega, as imagens. O deputado Mauricio Marcon mostrou as imagens do ferimento — disse Girão. 

Para o senador, a situação de Naime exemplifica a violação de direitos humanos e a existência de presos por razões políticas, "exclusivamente por serem conservadores".

— Agora eu fico [...] perguntando para as pessoas que defendem direitos humanos, aquelas que sempre se arvoram aqui mesmo, direitos humanos: por que não foram atrás de ver essas arbitrariedades e que o devido processo legal do país está sendo rasgado? — continuou Girão.

Ainda para o senador, a CPMI que investiga os ataques em Brasília foi "sequestrada pelo governo Lula", numa "estratégia de blindagem" do governo federal. Segundo Girão, o governo se sentiu ameaçado e ofereceu milhões de reais em emendas orçamentárias para que parlamentares retirassem suas assinaturas do requerimento do pedido de criação da comissão parlamentar mista de inquérito. 

— Apesar do sequestro feito por parlamentares governistas de um instrumento pertinente às oposições — historicamente é isso, CPI e CPMI —, vamos continuar cumprindo com o nosso dever na busca pela verdade, única forma de se garantir que se faça justiça com tantos brasileiros e brasileiras perseguidos, exclusivamente por serem conservadores e defensores de um estado democrático de direito. Falar em democracia e cassar liberdade de expressão é hipocrisia! Isso é falácia! Isso não cola! — afirmou.

O senador destacou a menção, no depoimento de Naime, ao relatório da Abin, que teria informado a 48 órgãos do governo que o objetivo dos atos do dia 8 de janeiro seria "assustador", na Praça dos Três Poderes.

— O que foi feito para proteger esse local? Essa é a pergunta que todo mundo quer saber porque, pelo número de manifestantes, pelas imagens, bastava uma barreira bem-feita que não passava de jeito nenhum. Parece-me algo muito grave o que aconteceu — declarou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)