Violência contra a mulher aumentou no último ano, revela pesquisa do DataSenado
Da Agência Senado | 09/12/2021, 16h30
A maioria das mulheres brasileiras (86%) percebe um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante o último ano. A conclusão é da pesquisa de opinião “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher — 2021”, realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência. O estudo foi lançado nesta quinta-feira (9) durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos.
A pesquisa é realizada a cada dois anos, desde 2005. A edição de 2021 revela um crescimento de 4% na percepção das mulheres sobre a violência em relação à edição anterior. O estudo ouviu 3 mil pessoas entre 14 outubro e 5 de novembro.
Para 71% das entrevistadas, o Brasil é um país muito machista. Segundo a pesquisa, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem.
De acordo com a pesquisa, 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. Para 75% das entrevistadas, o medo leva a mulher a não denunciar. O estudo demonstra, no entanto, que 100% das vítimas agredidas por namorados e 79% das agredidas por maridos terminaram a relação.
O DataSenado ouviu as entrevistadas sobre o projeto de lei (PL) 116/2020, que criminaliza a violência contra a mulher praticada em meios eletrônicos. Aprovada na Comissão de Direitos Humanos (CDH) em agosto, a matéria, da senadora Leila Barros (Cidadania-DF), aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para 48%, se aprovada, a proposta vai aumentar a proteção à mulher.
— A violência contra a mulher ocorre em todos os espaços - em casa, na rua, no trabalho, e, pior que isso, a violência contra mulher também ocorre no ambiente virtual — afirmou Leila Barros, que é Procuradora da Mulher no Senado.
O coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, apresentou a pesquisa e mostrou também um painel interativo que pode ser acessado pelos cidadãos que queiram entender os dados de violência doméstica no Brasil.
— Nós acreditamos que os resultados da pesquisa podem ajudar bastante nas políticas públicas voltadas ao combate da violência contra a mulher — afirmou o coordenador do DataSenado.
A coordenadora do Observatório da Mulher contra a violência no Senado Federal, Maria Teresa Firmino, disse que o trabalho realizado é essencial para buscar medidas de combate à violência contra a mulher.
— Os números da pesquisa ganharam outra forma quando eu passei a ouvir os relatos das mulheres vítimas da violência doméstica.
Pandemia
A atriz, empresária e modelo Luíza Brunet também participou da reunião de lançamento da pesquisa. Ativista no combate à violência contra a mulher depois de se tornar vítima de agressões do ex-marido, ela constatou o crescimento do problema durante a pandemia.
— É muito triste, porque eu tenho viajado pelo Brasil inteiro e realmente tenho recebido muitos relatos dessas mulheres sobre ter que ficar em casa com seus maridos, que são seus agressores. Esse isolamento social deixou as pessoas numa situação muito ruim por causa do desemprego. E a gente sabe que o alcoolismo, o desemprego, tudo isso contribui para que as violações aconteçam com mais facilidade. É um estopim para qualquer tipo de coisa — ressaltou.
Luíza Brunet também recordou a sua experiência como vítima de violência doméstica e apontou alguns avanços para as mulheres nos últimos anos.
— Eu vivenciei dentro de casa, fui vítima de violência sexual aos 12 anos de idade; fui vítima de violência moral e sexual quando comecei a trabalhar como modelo; fui vítima de violência física e psicológica, que agora já é considerada crime, graças a Deus. Acho que a gente vem ganhando muito espaço. Quanto mais a gente fala, mais a sociedade entende o quanto é importante se envolver com essa pauta — disse.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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