Senadores criticam paralisação de caminhoneiros que apoiam Bolsonaro
Da Agência Senado | 09/09/2021, 17h40
A paralisação promovida por caminhoneiros em apoio ao presidente Jair Bolsonaro repercutiu entre os senadores, que usaram o Twitter nesta quinta-feira (9) para comentar a situação. "Caos", "castigo" e "atividade criminosa" foram algumas das palavras que os senadores usaram para definir o movimento.
A paralisação começou nesta quarta-feira (8) e chegou a atingir 15 estados, mas até a tarde desta quinta-feira permanecia em apenas cinco. Representantes do movimento se reuniram nesta quinta com Bolsonaro e informaram que só pretendem acabar com as paralisações quando suas demandas forem atendidas. Eles também tentam marcar uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Já há registro de filas para abastecimento nos postos de combustível em estados como Santa Catarina e Pernambuco, e também no Distrito Federal.
Alvaro Dias (Podemos-PR) disse que a população não pode pagar pelos erros das autoridades. De acordo com o senador, essa paralisação nas estradas só pune quem trabalha e quem promove o desenvolvimento. Ele ainda lamentou que, apesar do áudio do presidente Bolsonaro pedindo o fim das paralisações, caminhoneiros sigam interditando rodovias pelo segundo dia consecutivo. “Os brasileiros não merecem esse castigo.”
Paulo Paim (PT-RS) questionou: “A quem interessa a paralisação de parte dos caminhoneiros?”. O senador manifestou preocupação com o possível desabastecimento de alimentos, remédios e combustíveis. E declarou que, com a paralisação, o setor produtivo perde e os pobres são prejudicados. “Basta de discursos de incitação à violência. O governo se perdeu em seu próprio labirinto.”
Weverton (PDT-MA) afirmou que essas manifestações foram insufladas por Bolsonaro e afetam a economia. Segundo ele, “é preciso parar essa escalada de insensatez que leva a movimentos, como a paralisação de caminhoneiros e a ocupação da Esplanada dos Ministérios, pela destituição de ministros do STF [Supremo Tribunal Federal]”. O senador acrescentou que “o povo não aguenta mais pagar a conta”.
Paulo Rocha (PT-PA) registrou que, “uma semana antes do 7 de setembro, Bolsonaro prometeu que ia enquadrar o STF, não conseguiu, mas está alimentando os seus seguidores a praticarem vandalismos nas rodovias federais”.
Ação política
Para Humberto Costa (PT-PE), o governo tem a obrigação de desmontar os bloqueios, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O senador disse que os caminhoneiros não cobram pautas específicas, mas agem “pura e simplesmente” por uma motivação política, “solicitando a queda dos ministros de STF e fazendo o jogo de uma parte dos integrantes do agronegócio, que querem que o STF aprove o marco temporal das terras indígenas, para que eles possam ocupar ilegalmente terras que são reservadas à preservação do meio ambiente e aos povos originários”.
— É uma atividade criminosa o que está acontecendo. Se o presidente da República não tomar as medidas necessárias para impedir o caos, terá que responder por crime de responsabilidade — declarou ele em vídeo divulgado por sua assessoria.
Ofício
Alessandro Vieira (Cidadania-SE) informou que já enviou um ofício ao Ministério da Justiça cobrando providências. O senador ressaltou que o documento questiona o ministério, ao qual está subordinada a Polícia Rodoviária Federal, sobre "quais ações têm sido tomadas e se estão sendo adotadas de modo eficiente e tempestivo para liberar o fluxo nas estradas afetadas". Ele argumenta que as paralisações promovidas por caminhoneiros que apoiam Bolsonaro são, na verdade, atos antidemocráticos.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
MAIS NOTÍCIAS SOBRE: