Chanceler atribui imagem ruim do Brasil à imprensa e a quem perdeu as eleições

Rodrigo Baptista | 05/03/2020, 13h54

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira (5) em audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) que há uma “campanha orquestrada por setores que perderam as eleições” e parte da imprensa brasileira e europeia para manchar a imagem do Brasil no exterior.

— Acho que parte dessa imagem é uma campanha orquestrada a partir do Brasil, a partir de setores que perderam a última eleição, que estão fora do poder, que não se conformam com isso, querem denegrir a imagem do nosso governo e organizam, com essa caixa de ressonância europeia, uma campanha contra o seu próprio país — apontou.

A manifestação do chanceler — convidado a falar sobre a posição do país em relação ao Oriente Médio — foi uma resposta a questionamentos de senadores sobre as ações que o Itamaraty tem desenvolvido para melhorar a imagem do Brasil, principalmente depois da repercussão das queimadas na Amazônia em agosto do ano passado.

O senador Lasier Martins (Podemos-RS) avaliou que a imagem do Brasil vem se deteriorando há vários anos e perguntou ao ministro como o Itamaraty tenta reconstruí-la. Segundo Araújo, esse problema é pior na Europa porque lá “a imprensa tradicional tem um espaço muito grande, e os novos meios, as redes não têm”.

— No Brasil, a gente sabe que as redes são hoje talvez a principal fonte de informação correta e verídica. A imprensa hoje é uma máquina, em grande parte, de criar factoides e de criar manchetes que não correspondem a matérias e matérias que não correspondem à realidade — criticou.

Segundo ele, o Itamaraty vem atuando por meio das embaixadas junto às mídias de cada país e conta com o apoio da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

— É uma campanha que também depende muito da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que tem a centralidade nessa questão da imagem do país, mas nós estamos contribuindo muito — assinalou.

Amazônia

Com relação à visão do governo sobre a Amazônia, o chanceler afirmou que a ideia é contribuir para a afirmação da soberania da floresta e não deixar que “organismos internacionais legislem por nós, por esse Congresso”.

— Essa é uma preocupação nossa. Em muitos casos surgem propostas em organismos que acabam se superpondo a legislação doméstica. Também não podemos permitir que negociações de sobre clima e meio ambiente sejam pretexto para o protecionismo agrícola, o que prejudica a competitividade do nosso agronegócio — defendeu.

Segundo Ernesto Araújo, para proteger a floresta é necessário criar alternativas econômicas para as populações da Amazônia.

— Proteção e investimento. Procurar mostrar que aqueles que têm interesse legítimo ao redor do mundo na proteção têm também que colocar recursos nessa criação de empregos na Amazônia em áreas sustentáveis, em áreas que não agridam o meio ambiente. Esse é um esforço absolutamente fundamental, mudar a lógica do tema. Acho que é uma lógica que foi e ainda é muito centrada no papel das ONGs — afirmou.

O ministro manifestou apoio à iniciativa do presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD-MS) de encabeçar a reativação do grupo intitulado Parlamento Amazônico, que reúne lideranças dos países onde a Amazônia se estende, e que tem como objetivo garantir a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável do bioma amazônico. Criado em 1989, o Parlamaz está desativado há pelo menos uma década.

— Precisamos corrigir os eventuais erros que possam haver e tirar esse estigma que acabou pegando na gente de não cuidar da Amazônia, de ser a favor de desmatamento, a favor de queimada e por aí vai, o que não é verdade — defendeu Nelsinho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)