Lideranças comunitárias dão voz aos ignorados pelo poder, dizem debatedores

Da Redação | 22/03/2018, 20h58

Os líderes comunitários ajudam a dar voz a suas comunidades, facilitando a apresentação de demandas ao poder público e resolvendo de pequenos a grandes problemas — do buraco na rua até casos de abusos de autoridades. Essa foi a tônica da audiência pública interativa promovida pela Comissão Senado do Futuro (CSF) nesta quinta-feira (22) para debater a importância da organização comunitária para a democracia e o desenvolvimento do Brasil e a valorização das lideranças comunitárias.

O presidente da CSF, senador Hélio José (Pros-DF), que conduziu a reunião, afirmou que o exercício da cidadania começa nas comunidades e que os líderes comunitários são importantes para alavancar o desenvolvimento local. Ele informou que será realizada no Plenário do Senado uma sessão solene, no mês de maio, para homenagear as lideranças comunitárias.

O secretário-geral da Associação Brasileira das Rádios Comunitárias (Abraço), Ronaldo Martins, disse que ser liderança comunitária significa abrir mão de parte da vida pessoal para buscar o bem-estar da comunidade. Ele afirmou que a maior parte dos parlamentares foi líderes comunitários antes de se elegerem.

Ronaldo Martins informou ainda que a Abraço representa mais de cinco mil rádios comunitárias de todo o país e pediu a aprovação do PLS 513/2017, de autoria de Hélio José, que aumenta a potência máxima dessas rádios dos atuais 25 watts para 300 watts.

Ao levar os problemas da comunidade ao conhecimento das autoridades, o líder comunitário deixa de lado sua vida privada em prol de sua região, afirmou o coronel da Polícia Militar Néviton Pereira "Sangue Bom". Ele disse que muitas lideranças comunitárias já foram mortas no Brasil. E lembrou de nomes como Chico Mendes e Dorothy Stang.

— O líder comunitário dá voz a quem não tem voz — disse.

Néviton também homenageou a vereadora do Rio de Janeiro recentemente assassinada, Marielle Franco, e disse que ela surgiu como liderança comunitária dentro dos movimentos sociais.

— Outras Marielles surgirão entre as lideranças comunitárias, outros Chico Mendes também surgirão. Não nos devemos calar ante as perseguições, devemos lutar por um Brasil melhor que dê oportunidades a todos — acrescentou.

Por sua vez, o vice-presidente da Associação Nacional de Líderes Comunitários, Antonio Benjamin de Morais "Samuca", afirmou que toda liderança comunitária é também política. Ele pediu mais atenção do Parlamento, pois centenas de líderes de comunidades têm sido assassinados nos últimos anos por defenderem os excluídos e os direitos da população, principalmente a parcela mais carente.

Samuca também disse que já sofreu algumas ameaças e atentados contra sua vida, como tiros em seu carro em 2014.

— Quantos morrem e ficam no anonimato? Quantos mais precisam morrer? Exigimos soluções firmes das autoridades — afirmou.

O fato de o líder comunitário servir como elo entre a população e as autoridades foi ressaltado pelo presidente da Associação Nacional dos Líderes Comunitários (Analc), Ilço Firmino, e pelo conselheiro da OAB-DF Og Pereira. Firmino acrescentou que a Analc está pronta para ir a qualquer canto do Brasil ajudar líderes e comunidades se organizarem.

Outros líderes comunitários do Distrito Federal também participaram dos debates, como o Guarda Jânio, Joana Darc, Ailton "Maninho" e "Tio Fernando", entre outros.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)