Além do teste da orelhinha, outros exames identificam ou previnem doenças em recém-nascidos

Da Redação | 05/06/2012, 00h00

Teste do pezinho

É obrigatório para todos os bebês desde 1992 em todo o Brasil, mas somente em junho de 2001 o Sistema Único de Saúde (SUS) instituiu o Programa Nacional de Triagem Neonatal, que cobre a identificação de até quatro doenças (fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme e fibrose cística).

Nas secretarias municipais de Saúde pode-se obter o endereço das unidades de coleta. Os laboratórios privados realizam testes também para outras doenças, cabendo ao pediatra selecionar as que são de interesse. O teste pode avaliar se o bebê tem doenças metabólicas, genéticas e infecciosas, que poderão causar alterações no seu desenvolvimento neuropsicomotor. O exame é laboratorial, chamado também de triagem neonatal. A coleta do sangue é feita a partir de um furinho no calcanhar do bebê. Deve ser realizado na maternidade ou em laboratórios, depois de 48 horas que o bebê tiver começado a ingerir leite. Antes disso, o teste pode sofrer influência do metabolismo da mãe. O ideal é que o exame seja feito no máximo até o sétimo dia de vida.

Teste do pezinho ampliado

Há três versões ampliadas do teste do pezinho: a super, a ultra e a hiper, que permite identificar mais de 40 doenças antes que seus sintomas se manifestem. Não estão ainda disponíveis na rede pública de saúde, e são oferecidas, em geral com custo, por laboratórios e instituições como as associações dos pais e amigos dos excepcionais (Apaes). Projeto do então senador Eduardo Azeredo (PLS 312/05) visa tornar obrigatória a realização do teste do pezinho expandido pelo SUS. A proposta foi aprovada em fevereiro de 2011 pelo Senado, encontra-se atualmente na Comissão de Seguridade Social da Câmara e tem parecer favorável da relatora, deputada Teresa Surita (PMDB-RR).

Teste do olhinho

Também chamado de teste do reflexo vermelho, pode detectar e prevenir diversas patologias oculares como: retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma, retinoblastoma, infecções e cegueira infantil. Se detectados precocemente, antes de se agravarem, de 60% a 80% dos problemas que levariam à cegueira ou a uma grave sequela visual podem ser prevenidos ou tratados. O exame deve ser realizado na primeira semana de vida, preferencialmente antes da alta da maternidade.

É realizado pela emissão de uma fonte de luz e a observação do reflexo que vem das pupilas. Quando a retina é atingida por essa luz, os olhos saudáveis refletem tons de vermelho, laranja ou amarelo. Quando há alguma alteração, o reflexo ou é esbranquiçado ou não pode ser percebido. No Brasil, o teste é obrigatório para bebês prematuros, porque 30% dos bebês que nascem com menos de 40 semanas ainda não têm os vasos sanguíneos da retina formados e a retinopatia da prematuridade pode ser curada se detectada a tempo. Em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, no Distrito Federal e em cidades como Porto Alegre, o exame já foi instituído por lei para todos os bebês. Em vários outros estados e municípios tramitam projetos para torná-lo obrigatório e, no Congresso, o  então senador Edison Lobão apresentou o PLS 510/07, que visa incluir a obrigatoriedade no Estatuto da Criança e do Adolescente. A proposta aguarda designação de relator na CCJ.

Desde junho de 2010, a cobertura do teste do olhinho por todos os planos de saúde é obrigatória por decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O exame de fundo de olho, que também serve para detectar a catarata congênita, não é obrigatório, mas se os pais o pedirem logo depois do nascimento, pode ser feito pelo SUS.

Teste do coraçãozinho

Geralmente, um a cada 130 bebês pode apresentar alterações cardíacas congênitas, como buracos entre as câmaras do coração e defeitos na válvula cardíaca. O teste do coraçãozinho ou oximetria de pulso pode evitar complicações e até salvar a vida de bebês que nascem com defeitos cardíacos. Mede-se, pelo pulso direito e por um dos pés, a concentração de oxigênio no sangue. O exame é indolor, dura menos de 5 minutos e detecta problemas no coração antes mesmo de aparecerem sintomas. Ainda não é previsto em lei, mas já há projetos de lei em municípios, como São Paulo, e em estados, como Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Paraná, para torná-lo obrigatório. Algumas doenças cardíacas não são apontadas pelo teste e os hospitais particulares que o oferecem podem indicar outros exames cardíacos para o recém-nascido.

Teste do quadril

Pode detectar doenças como a displasia do desenvolvimento do quadril, que provoca dor decorrente do encurtamento do membro e da osteoartrose precoce (destruição da cartilagem que reveste o osso). A estimativa é que um em cada mil bebês nasça com o quadril luxado (deslocamento de osso dentro da articulação) e cerca de dez em mil com o quadril subluxado (instável). É um exame clínico que se realiza flexionando as pernas do bebê. Ainda não é previsto em lei.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)