Reutilização de sacolas esbarra em coleta ruim

Da Redação | 19/04/2016, 11h45

 

Caminhão de lixo no DF: apenas 1.322 municípios, pouco mais de 20% do total, possuem sistema de coleta seletiva de lixo. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as sacolas plásticas não são o maior vilão do meio ambiente. O problema maior é o consumo excessivo, aliado ao descarte inadequado. Em 2009, o ministério lançou em parceria com grandes redes de supermercado a campanha Saco é um Saco, para incentivar novos hábitos. Uma das propostas era apostar nos “Rs” do consumo consciente: recusar, reduzir, reutilizar e reciclar.

 

A mudança de comportamento da população também é uma das principais ações defendidas pelo Instituto Socioambiental do Plástico (Plastivida), que representa as empresas da cadeia produtiva. Segundo o presidente da entidade, Miguel Bahiense, a tríade mudanças de comportamento + sacolas de qualidade + descarte correto com reciclagem é o pilar para amenizar danos das sacolas plásticas ao meio ambiente.

 

Bahiense explica que o instituto lançou um programa de qualidade das sacolas plásticas a fim de garantir que elas possam ser mais bem aproveitadas pelo consumidor, evitando assim o consumo excessivo. As sacolas produzidas dentro das normas da ABNT, apesar de serem de plástico comum, são mais grossas e capazes de suportar até seis quilos. Assim, o consumidor pode usar menos sacolas para carregar suas compras, além de reutilizá-las com segurança para descartar o lixo molhado.

 

A Plastivida destaca que a sacola plástica é utilizada por cerca de 80% da população para embalar o lixo a ser jogado fora. Esse uso, reconhecido como uma prática aceitável pelos ambientalistas, ficaria comprometido com a saída das sacolas plásticas de circulação, já que a maioria da população não gostaria de incorporar o gasto com a compra de saco de lixo ao seu orçamento doméstico. Usar a sacola para jogar fora o lixo ou garantir que ela seja depositada nos lugares corretos para reciclagem já seriam ações de grande avanço ambiental, na avaliação da entidade.

 

Coleta de lixo

 

O descarte correto do plástico esbarra, porém, no deficiente sistema de coleta de lixo do país. Dados de 2014 do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, constataram que a prática da coleta seletiva ainda está longe da realidade da população brasileira.

 

O número de casas atendidas por serviços de coleta regular de lixo aumentou entre 2013 e 2014. O deficit de atendimento, no entanto, ainda é grande: 17,3 milhões de pessoas moram em regiões sem nenhum tipo de coleta, a maior parte em zonas rurais e pequenos municípios. Se a coleta regular não é universal, mais rara ainda é a seletiva, encontrada hoje em apenas 1.322 dos 5.561 municípios do país, pouco mais de 20% do total.

 

As informações coincidem com levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), feito no ano passado, logo após a entrada em vigor da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O estudo revelou que dos 64 milhões de toneladas de resíduos produzidos pela população, 24 milhões, ou seja, 37,5% foram enviados para destinos inadequados. A pesquisa envolveu 400 municípios, abrangendo 91,7 milhões de pessoas. Por dia, o brasileiro gera, em média, um quilo de lixo.

 

Para Flexa Ribeiro (PSDB-PA), também integrante da CMA, a reciclagem é o caminho ideal para o material plástico. Mas o senador reconhece que, sem a implantação da coleta seletiva, o plástico atualmente não é reciclado em quantidade suficiente para evitar a poluição.

 

— Então, se trabalharmos para tirar as sacolas para substituí-las por um material que seja biodegradável, evidentemente que estamos trabalhando para melhorar a questão ambiental, não só no Brasil, mas no mundo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)