Educação a distância pode impulsionar qualificação

Da Redação | 22/06/2010, 00h00

Experiência desenvolvida a partir da demanda de dez empresas de Curitiba que precisavam cumprir a Lei de Cotas mostrou que a educação a distância (EAD) pode se tornar uma grande ferramenta para ensinar e qualificar pessoas com deficiência (PcD). Em audiência realizada em 16 de junho último, na Comissão de Educação, os depoimentos de dois alunos dos projetos-pilotos da Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância (Aced), presidida pelo ex-ministro da Educação e ex-senador Carlos Chiarelli, revelaram os bons resultados.


Aos 26 anos, Adelmar Babinski Júnior, que até os nove foi um garoto normal, com nível escolar dos meninos de sua idade, teve de abandonar a escola após uma crise febril que paralisou todo o seu lado direito. ¿No início eu nem sentava. Tive que aprender a escrever com a mão esquerda. E repeti de ano porque a professora de português me avaliou somente pela escrita¿, lembrou ele aos senadores. 

Os pais, inconformados, o transferiram para outra escola regular onde ¿com muito esforço¿ ele concluiu o segundo grau. Sem diagnóstico até hoje da sua doença, conforme seu relato, Júnior só deslanchou depois que ingressou na Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu), entidade que participa de projeto-piloto da Aced.

Júnior fez curso de CAD (computer aided design ou desenho auxiliado por computador) para PcD. Conseguiu cursar mecânica básica industrial no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). E concluiu também um curso de empregabilidade. Todos por EAD.

Amilton de Castilho, que é cego, passou 30 anos na roça, no interior do Paraná. Só entrou na primeira série depois dos 35 anos. E foi graças à EAD que concluiu o segundo grau, conseguiu se profissionalizar e ingressar no mercado de trabalho com carteira assinada. 

Para Chiarelli, a EAD é a metodologia mais apropriada para formar e qualificar as PcDs em número significativo. ¿Sabemos que por meio da educação presencial os números serão limitados¿, disse o ex-senador. Os alunos são geralmente adultos que querem aprender. O fundamental na EAD, segundo Chiarelli, é ter bons professores para gravar as aulas e muita dedicação do aluno para aproveitá-las em casa.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)