Alunos do Centro de Ensino Médio 09, da Ceilândia (DF), se preparam para a Obmep: interesse em competições motivou instituição, que ganhou o apelido de “escola olímpica” (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
A convite dos senadores, Jonilda Alves Ferreira falará sobre métodos de ensino (Foto: Arquivo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma professora e dez alunos de escolas públicas de Paulista, pequena cidade do interior da Paraíba, são os convidados da audiência que a Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado promove amanhã. Os senadores querem saber como a cidade, de pouco mais de 13 mil habitantes, conseguiu obter desempenho notável na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). O coordenador de Tecnologia da Educação do Ministério da Educação (MEC), Mauricio Almeida Prado, também participa da audiência, que começa às 10h na sala 15 da Ala Alexandre Costa.

Em 2012, os paulistenses conquistaram 22 prêmios. Treze deles foram para a Escola

 

Municipal Cândido de Assis Queiroga, para alunos de Jonilda Alves Ferreira, a professora convidada para a audiência de amanhã.

A iniciativa de promoção da audiência é dos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Vital do Rêgo (PMDB-PB). Para Capiberibe, os estudantes de Paulista e a professora “são exemplos para o Brasil”. Vital afirma que o Senado precisa conhecer e divulgar métodos como o de Jonilda:

— Ela soube construir uma teoria com alto padrão de aplicabilidade prática. Queremos que venha à comissão explicar ao país como consegue fazer isso.

Defendendo a tese de que é preciso dinamizar o ensino da disciplina, a professora costuma levar turmas à feira livre da cidade para ensinar na prática o cálculo de frações, medições de área ou operações de soma e subtração.

— Eles precisam vivenciar as situações para perceber o quanto a matemática é importante na vida da gente. Quando começam a gostar e se interessar, você pode puxar por eles, e eles respondem — conta Jonilda, que usou a sala de casa para dar aulas de reforço aos alunos, à noite.

Outra pequena cidade campeã na Obmep foi elogiada em Plenário por Ciro Nogueira (PP-PI), Wellington Dias (PT-PI) e João Vicente Claudino (PTB-PI): a piauiense Cocal dos Alves, de 5 mil habitantes, classificada de “fenômeno educacional” por conquistar quatro medalhas de ouro na edição de 2011.

Paulista e Cocal dos Alves são exemplos da motivação que a Obmep vem levando às escolas públicas brasileiras. Idealizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), a olimpíada é promovida anualmente pelo MEC e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).

Podem se inscrever escolas de redes municipais, estaduais ou federais com turmas dos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano) e de ensino médio. A edição deste ano tem 47,1 mil escolas e 18,7 milhões de alunos inscritos. Os estudantes com melhor desempenho ganham medalhas e menções honrosas. Os premiados com medalhas (serão 6 mil, em 2013) são convidados a participar de um programa de iniciação científica. Professores (como Jonilda, premiada em 2012), escolas e secretarias de Educação também são laureados.

A olimpíada escolar foi criada pelo Impa com objetivo de revelar jovens talentosos e estimular o ensino da disciplina na rede pública. A primeira edição aconteceu em 2005. Na época, já existia a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), que abrange redes públicas e privadas. Mas os premiados, em geral, eram estudantes de instituições particulares.

— A Obmep surgiu porque entendeu-se que alunos da rede pública também tinham o direito de ser estimulados a aprofundar seus conhecimentos em matemática, uma área estratégica para o país — conta Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que na época era secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do MCTI e foi responsável, no ministério, pelas duas primeiras edições do projeto.

Com orçamento de R$ 40 milhões (pouco mais de R$ 2 por aluno), a olimpíada se firma como exemplo de política pública de baixo custo e grandes resultados.

— Estamos conseguindo despertar vocações, revelar talentos e estimular alunos da rede pública a estudar com o objetivo de ingressar na universidade — afirma Cláudio Landim, diretor-adjunto do Impa e coordenador da Obmep. Além de incentivar estudantes, a olimpíada motiva professores, gestores escolares e redes de ensino, explica Landim. A competição faz colégios e docentes valorizarem a matemática e muitos passam a desenvolver programas, fora do horário das aulas, para preparar os alunos.

— Uma medalha ou menção honrosa tem impacto na escola como um todo, porque reconhece o mérito ao esforço, ao estudo. Isso desperta o desejo de aprender.


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