Instrutor de autoescola se especializou em alunos surdos

Da Redação | 12/06/2012, 00h00

“Meu nome é Diógenes de Oliveira Costa, tenho 35 anos e sou professor numa autoescola de Brasília. Me especializei em ensinar surdos a dirigir. Aprendi a Libras porque meu chefe pediu. Antes, eu nem sabia o que era a língua de sinais. Achava que os surdos se comunicavam por mímica.

A Libras é uma língua muito interessante. Você tem que realmente viver o que está falando. Se disser que está triste, tem que fazer cara de melancolia. Não é só mexer as mãos. A sua face tem que resplandecer o que você está falando. Para mim, uma das expressões mais engraçadas é ‘festa junina’: você põe as mãos em cima da cabeça e dá uma dançadinha, como se estivesse numa quadrilha.

Muita gente me pergunta se o surdo pode dirigir.

É claro que pode! O Código de Trânsito diz que, para receber a habilitação, a pessoa precisa saber ler e escrever e tem de passar nos exames. Eles podem não ouvir a buzina ou a sirene, mas são sensíveis, percebem pela expressão do motorista se ele está buzinando. Quando veem que há um professor na autoescola que sabe Libras, eles se sentem felizes, respeitados.

Hoje me dou conta de o quanto são esquecidos. Se buscam o hospital ou a delegacia, é grande a chance de voltarem para casa sem ser atendidos. Já vi um surdo que havia testemunhado um acidente ser chamado de louco pelos policiais porque simplesmente não entendiam o que ele dizia. É triste. Eles, como qualquer um, merecem respeito.”

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)