Em viagens, consumidores preferem utilizar aplicativos de troca de mensagens, dizem consultores
Da Redação | 24/11/2015, 14h45

Para a bancária aposentada Marli Oliveira Lima, de Brasília, poucas coisas são tão prazerosas quanto viajar. Com a chegada da aposentadoria, arrumar as malas e partir para um novo roteiro passou a ser hábito frequente. Mas o impulso de pegar o celular para manter contato com a família acabou contido depois de ver a conta de telefonia subir a cada retorno. Culpa das taxas extras de roaming pagas pelo uso da linha fora da área original de registro.
— É terrível essa cobrança, um estraga-prazer das viagens — afirma.
Marli revela que chegou a pagar uma conta de quase R$ 500 em um mês no qual viajou, muito acima do limite do seu plano pós-pago, no valor de pouco mais de R$ 180 mensais. E se viu, repetidas vezes, diante de fatura ao menos no dobro do valor do pacote contratado. Hoje, para evitar aborrecimentos, sempre que possível, ela desativa a função roaming.
Temor
O consultor do Senado Dilson Ferreira observa que a insegurança sentida pelo usuário em usar a linha de celular fora da área de origem, pelo temor do custo da conta, acaba resultando em perda de receitas para as operadoras. Para afastar o risco de uma conta de valor imprevisível, afirma, os assinantes migram para os serviços multiplataforma, em detrimento do uso da linha telefônica.
— Com a popularização da internet, as pessoas preferem ficar nos locais onde possa ter acesso via wi-fi gratuito e usar a internet para se comunicar — constata.
No caso de Marli, a comunicação com irmãos e amigos agora é feita por meio do WhatsApp, o mais popular aplicativo multiplataforma pelo celular, para troca, até agora gratuita, de mensagens de texto ou voz. Para isso, basta encontrar uma área com cobertura de internet wi-fi.
— Fui bem instruída por uma sobrinha sobre todas as novidades tecnológicas — comenta.
Tráfego
Por isso, Dilson Ferreira avalia que o fim da cobrança das tarifas de roaming deve beneficiar as próprias empresas de telefonia móvel, um aspecto que, a seu ver, ainda não foi adequadamente percebido pelos agentes do mercado. Sem o temor da tarifação, observa, as pessoas passam a contar com um estímulo para usar a sua própria linha celular para as chamadas de voz.
Segundo ele, o resultado deve ser o aumento do tráfego de chamadas, sem custos adicionais para as operadoras. Como já contam com redes próprias em todo o país, observa o consultor, elas não têm mais que pagar pelo uso das plantas de telecomunicações das concorrentes para que seus assinantes continuem conectados em qualquer lugar em que estejam.
— Na verdade, as empresas não vão perder em nada, porque elas já não incorrem nesses custos. Então, acabar com a cobrança de roaming é só uma questão de fazer justiça com o processo de tarifação — afirma.
Previsibilidade
Rodrigo Abdalla, também consultor do Senado, destaca o ganho em previsibilidade que o consumidor terá em relação ao valor da conta com o fim das taxas de roaming.
Com a medida, afirma, o assinante vai saber exatamente quanto pagará, já que os custos serão muito mais comparáveis entre as operadoras.
Como hoje os planos são muito diferentes entre si, ele diz que o consumidor nem sempre consegue perceber as discrepâncias entre os valores cobrados, até porque esse não é um serviço que usa regularmente.
— Então, frequentemente isso causa surpresa ao consumidor que recebe a conta e ainda para aquele que utiliza seu celular pré-pago, porque o roaming se reflete no término antecipado dos créditos que ele havia previsto para usar dentro de certo período — explica.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)