Transtorno pode se manifestar já na adolescência

O hipocondríaco acredita que possui pelo menos uma doença física grave, progressiva e com sintomas determinados, ainda que exames laboratoriais e consultas com vários médicos assegurem que nada exista. Para Rubens Volich, psicólogo e psicanalista, autor do livro Hipocondria: impasses da alma, desafios do corpo, o transtorno é uma forma de o homem lidar com as dores do drama de sua existência.

Segundo o psicanalista, quando a pessoa passa a se sentir doente sem motivo, é possível entender o problema como um pedido de atenção. Volich acrescenta que o ideal seria o médico perguntar sobre a história de vida desse paciente para descobrir, possivelmente, que as queixas nasceram de uma experiência marcante e mal resolvida.

O psicólogo relata que o termo hipocondria vem do grego hypochóndrion ¿ o hipocôndrio ¿, que reveste a cavidade gástrica, abrigando intestinos, estômago e baço. De acordo com a teoria dos humores, de Hipócrates, a hipocondria estava associada à melancolia, considerada uma doença nervosa com origens no hipocôndrio.

Volich descreve os pacientes com sinais de hipocondria como aqueles que demonstram medo constante de adoecer, contaminar-se ou desenvolver uma doença grave. Segundo ele, a hipocondria se manifesta em 3% a 4% de todos os pacientes que procuram um consultório, com uma leve predominância da incidência entre os homens. A manifestação do transtorno é reconhecida na adolescência e passa a ser mais frequente a partir da quarta ou quinta década de vida.

O médico Rodrigo Marot, especialista em Psiquiatria pelo Instituto Philippe Pinel, do Rio de Janeiro, diferencia o hipocondríaco daquelas pessoas que passam por uma doença grave e, após se restabelecerem, ficam sensibilizadas com o ocorrido, preocupando-se demais. Segundo o psiquiatra, nesses casos, se uma consulta ou novo exame descartarem o recrudescimento da doença e o paciente tranquilizar-se, não se trata de hipocondria.


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