Especialistas alertam para cuidados com a primeira infância
Da Redação | 24/10/2011, 23h00
Para garantir um bom desenvolvimento na primeira infância, é preciso oferecer atendimento integral à mãe e à criança |
A primeira infância - período que vai de zero a seis anos - é decisiva para a formação da personalidade do ser humano. Estudos mostram que bebês e crianças bem cuidados têm maiores chances de se transformar em adultos saudáveis, equilibrados e tranquilos.
Por isso, essa faixa etária vem recebendo cada vez mais atenção da sociedade, de especialistas e do poder público. O desafio é melhorar o tratamento dispensado à primeira infância, seja dentro do lar ou em instituições, como escolas, hospitais e abrigos.
De acordo com o pediatra Laurista Corrêa Filho, muitos dos problemas psicológicos vividos por adultos têm origem nessa fase da vida. "As raízes da violência estão na primeira infância", alerta o médico, que é especialista em saúde da mulher e da criança pela Universidade de Sorbonne, Paris.
Maus-tratos sofridos nesses primeiros anos ou até mesmo problemas enfrentados pela mãe ainda durante a gravidez, como depressão, podem repercutir muitos anos depois.
- Até meados do século 20, acreditava-se que o recém-?nascido era uma tábula rasa, um ser vazio. Hoje, sabemos que o bebê nasce com informações e competências. O bebê é uma pessoa - defende Laurista, lembrando que recém-nascidos reagem, por exemplo, a sons conhecidos, como a voz da mãe.
Apesar disso, a maior parte do desenvolvimento cerebral se dará depois do nascimento, durante a primeira infância. É nessa época também que são construídas as conexões cerebrais relacionadas à emoção.
- Quando a criança nasce, seu cérebro pesa cerca de 400 gramas. Aos três anos, o cérebro tem 1,2 quilos, apenas 200 gramas a menos do que o de um adulto, com 1,4 quilos. Ou seja, o cérebro praticamente se forma até os três anos de idade - argumenta.
Para a psicóloga Jaqueline Wendland, a depressão materna é umas das principais ameaças ao desenvolvimento saudável da criança. Segundo ela, o mal atinge, no mundo, 20% das mulheres durante a gravidez e 15% após o parto.
- Uma gestante deprimida estará deprimida também quando tiver de cuidar do bebê, o que pode resultar em incapacidade para atender as necessidades da criança - ressalta Jaqueline, que é psicoterapeuta do grupo hospitalar Pitié-Salpêtrière, na França.
Outros fatores de risco relacionados à situação da mãe são, de acordo com a psicóloga, estresse, ansiedade, tabagismo, alcoolismo, drogas, problemas financeiros e abandono familiar. "A criança pode reagir apresentando distúrbios emocionais e cognitivos, como dificuldades de adaptação escolar", explicou.
Laurista Corrêa Filho lembra que, no Brasil, há um fator de risco adicional, que é a gravidez na adolescência. "Cerca de 20% das adolescentes brasileiras vivem a gravidez precoce. Todos os anos nascem no país mais de 600 mil bebês de jovens que ainda não estão preparadas para exercer a maternidade", aponta.
Uma criança em situação de risco apresenta diferentes sintomas, que variam conforme a idade. Segundo Jaqueline, um bebê pode apresentar tristeza e distúrbios do sono, não comer direito, chorar muito e estar sempre doente.
Cuidado necessário
Segundo os especialistas, para garantir o desenvolvimento saudável durante a primeira infância, é preciso que o poder público ofereça atendimento integral - físico e psicológico - à mulher durante a gestação e após o parto, orientando quanto aos cuidados com o bebê e acompanhando seu crescimento.
Na avaliação de Laurista, o Brasil está atrasado no tratamento da primeira infância cerca de 20 ou 30 anos em relação a países como a França. "Temos programas interessantes como o Saúde da Família, do Ministério da Saúde, e a Pastoral da Criança, da Igreja Católica, mas ainda é insuficiente", considerou.
Jaqueline conta que, na França, existem redes que oferecem cuidados médicos e psicológicos da gestação até os 18 meses de vida, e grupos terapêuticos para pais e filhos. "Identificamos os problemas, como depressão, pobreza e abandono, e tratamos juntos pai, mãe e criança", explicou.
Por isso, essa faixa etária vem recebendo cada vez mais atenção da sociedade, de especialistas e do poder público. O desafio é melhorar o tratamento dispensado à primeira infância, seja dentro do lar ou em instituições, como escolas, hospitais e abrigos.
De acordo com o pediatra Laurista Corrêa Filho, muitos dos problemas psicológicos vividos por adultos têm origem nessa fase da vida. "As raízes da violência estão na primeira infância", alerta o médico, que é especialista em saúde da mulher e da criança pela Universidade de Sorbonne, Paris.
Maus-tratos sofridos nesses primeiros anos ou até mesmo problemas enfrentados pela mãe ainda durante a gravidez, como depressão, podem repercutir muitos anos depois.
- Até meados do século 20, acreditava-se que o recém-?nascido era uma tábula rasa, um ser vazio. Hoje, sabemos que o bebê nasce com informações e competências. O bebê é uma pessoa - defende Laurista, lembrando que recém-nascidos reagem, por exemplo, a sons conhecidos, como a voz da mãe.
Apesar disso, a maior parte do desenvolvimento cerebral se dará depois do nascimento, durante a primeira infância. É nessa época também que são construídas as conexões cerebrais relacionadas à emoção.
- Quando a criança nasce, seu cérebro pesa cerca de 400 gramas. Aos três anos, o cérebro tem 1,2 quilos, apenas 200 gramas a menos do que o de um adulto, com 1,4 quilos. Ou seja, o cérebro praticamente se forma até os três anos de idade - argumenta.
Para a psicóloga Jaqueline Wendland, a depressão materna é umas das principais ameaças ao desenvolvimento saudável da criança. Segundo ela, o mal atinge, no mundo, 20% das mulheres durante a gravidez e 15% após o parto.
- Uma gestante deprimida estará deprimida também quando tiver de cuidar do bebê, o que pode resultar em incapacidade para atender as necessidades da criança - ressalta Jaqueline, que é psicoterapeuta do grupo hospitalar Pitié-Salpêtrière, na França.
Outros fatores de risco relacionados à situação da mãe são, de acordo com a psicóloga, estresse, ansiedade, tabagismo, alcoolismo, drogas, problemas financeiros e abandono familiar. "A criança pode reagir apresentando distúrbios emocionais e cognitivos, como dificuldades de adaptação escolar", explicou.
Laurista Corrêa Filho lembra que, no Brasil, há um fator de risco adicional, que é a gravidez na adolescência. "Cerca de 20% das adolescentes brasileiras vivem a gravidez precoce. Todos os anos nascem no país mais de 600 mil bebês de jovens que ainda não estão preparadas para exercer a maternidade", aponta.
Uma criança em situação de risco apresenta diferentes sintomas, que variam conforme a idade. Segundo Jaqueline, um bebê pode apresentar tristeza e distúrbios do sono, não comer direito, chorar muito e estar sempre doente.
Cuidado necessário
Segundo os especialistas, para garantir o desenvolvimento saudável durante a primeira infância, é preciso que o poder público ofereça atendimento integral - físico e psicológico - à mulher durante a gestação e após o parto, orientando quanto aos cuidados com o bebê e acompanhando seu crescimento.
Na avaliação de Laurista, o Brasil está atrasado no tratamento da primeira infância cerca de 20 ou 30 anos em relação a países como a França. "Temos programas interessantes como o Saúde da Família, do Ministério da Saúde, e a Pastoral da Criança, da Igreja Católica, mas ainda é insuficiente", considerou.
Jaqueline conta que, na França, existem redes que oferecem cuidados médicos e psicológicos da gestação até os 18 meses de vida, e grupos terapêuticos para pais e filhos. "Identificamos os problemas, como depressão, pobreza e abandono, e tratamos juntos pai, mãe e criança", explicou.