Programa evita perdas e ajuda quem está precisando

Da Redação | 01/03/2016, 12h00


Toda quinta-feira, a irmã Maria Angelina Batista vai até o Banco de Alimentos da Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF) buscar doações para o preparo das refeições oferecidas a 80 crianças da creche Lar Mãe da Divina Graça, em Samambaia, também no DF.

 

Parte dos alimentos vem de pequenos agricultores que participam do Programa de Aquisição de Alimentos, do governo federal, mas uma parcela das frutas e verduras entregues à religiosa é doada por comerciantes ao Programa Desperdício Zero (PDZ), da Ceasa-DF.

 

A creche é uma das 160 entidades cadastradas para receber doações do PDZ, que beneficia 43 mil pessoas. Mensalmente, são doadas em média 30 toneladas de frutas e verduras frescas que não encontraram compradores.

 

As crianças da creche Lar Mãe da Divina Graça já tomaram suco feito com frutas da empresa atacadista Diniz Laranjas. A quantidade de fruta entregue pela empresa ao PDZ varia muito ao longo do ano, mas já chegou a 20 toneladas ao mês, como explica o gerente da atacadista, Darlison Rodrigues Fernandes.

 

Ele conta que, antes da criação do programa, toda laranja descartada ia para o lixo, pois não havia segurança quanto à lisura do processo de doação.

 

— Vinha uma pessoa com um ofício pedindo doação e depois ia vender a laranja. Para evitar esse problema, a gente jogava tudo no lixo. Hoje eu separo, o Banco de Alimentos recolhe e distribui. E eles fazem controle — relata.

A equipe do programa visita cada entidade credenciada para confirmar se está cumprindo a finalidade e prestando o atendimento informado no cadastro, como explica Marcos Sampaio, engenheiro de Alimentos da Ceasa.

 

— É um controle bem rigoroso, pois é uma forma de incentivar as doações e garantir a quem doa que o alimento será bem destinado — diz.

 

Potencial

 

O volume de produtos que passa pelo PDZ, no entanto, poderia ser muito maior, pois são descartados mensalmente na Ceasa 600 toneladas de resíduos, das quais mais da metade são alimentos ainda adequados para consumo.

 

Uma das limitações para a ampliação do programa é a falta de veículos para recolher os produtos e o número insuficiente de pessoas para a seleção e a distribuição, segundo Marcos Sampaio.

 

Mas ele também diz ser necessário conscientizar os empresários para a importância da doação de alimentos e defende a isenção de impostos ou a ampliação das deduções do Imposto de Renda para as empresas doadoras.

 

O gerente comercial da atacadista de frutas Perboni, Cleitom Lima de Menezes, concorda que incentivos fiscais poderiam ajudar a ampliar as doações. Ele observa, no entanto, que precisa haver agilidade para a distribuição de alimentos, pois o setor trabalha com produtos perecíveis.

 

— O segmento comercializa um produto que não pode esperar 30, 40 ou 60 dias, como ocorre com um eletrodoméstico ou um carro. Aqui temos um prazo curto para vender e o consumidor tem prazo curto também para consumir

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)