A cooperativa se mostrou a forma de organização ideal para um grupo de aprendizes e mães da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do Distrito Federal para gerar renda e propiciar a ocupação de pessoas com deficiência. Há quatro anos, um grupo de 20 amigos, a maioria com deficiência intelectual, aproveitou a experiência adquirida em uma oficina da própria Apae de confecção de flores artificiais para constituir a cooperativa Maria Flor, que fabrica arranjos para casamento e outros eventos. Com patrocínio da Petrobras, foram adquiridos maquinário e matéria-prima. O empreendimento demorou para deslanchar, mas agora já tem condições de se sustentar sozinho.


— Vale a pena. É difícil no início, mas se você monta um quadro de pessoas capacitadas e que querem fazer diferença, você consegue — afirma a diretora financeira, Linda dos Santos Lemos.

A presidente, Raquel Farias, aconselha quem deseja seguir o mesmo caminho e criar uma cooperativa, além de planejamento e organização, a ser perseverante: ¿pode-se esperar três anos ou mais até que haja retorno financeiro¿.

Cooperativa social inclusiva, a Maria Flor se beneficia de obrigações fiscais mais leves, com redução, por exemplo, do Imposto de Renda, e não tem encargos trabalhistas, já que o trabalho é executado pelos próprios cooperados, que são proprietários do empreendimento. A presidente, funcionária da Apae, é voluntária.

O rendimento de cada associado ainda é baixo, de menos de um salário mínimo. Mas, como explica Linda Lemos, a finalidade de uma cooperativa, principalmente do ramo especial, não se limita ao ganho econômico. A diretora aponta como benefícios, além da ocupação do tempo dos associados que têm deficiências, o aumento da autoestima: ¿Eles se sentem valorizados¿.

Uma das cooperadas, Elisângela Alves, que apresenta leve deficiência cognitiva e muita dificuldade na fala, expressa sua satisfação em ¿trabalhar fora feito gente normal, levantar cedo¿. Sem contar o fato de poder ganhar o próprio dinheiro, o que, como ela reforça com uma grande gargalhada, ¿é bom demais¿.


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