Verônica Martinelli Fernandes Andreatta

Verônica Martinelli Fernandes Andreatta
  • Ano de participação: 2014
  • Escola: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Jones dos Santos Neves.
  • Formação: Licenciatura Plena em Letras e Pós-Graduação em Psicopedagogia.
  • Estudante finalista: Juliana Prudencio de Souza

Com larga experiência na área de educação, a professora Verônica dedica-se à magistratura há mais de 28 anos e todos em sala de aula.

Começou como professora contratada num distrito distante da sede, longe de sua casa, pois acreditava que poderia fazer a diferença na educação municipal. Ficou oito anos nessa situação até passar em um concurso estadual e assumir sua cadeira na cidade de Baixo Guandu. Por 17 anos atuou em uma escola municipalizada e, às portas da aposentadoria, decidiu voltar para o Ensino Médio e assumiu na Escola Dr. Jones.

“Nossa! Minha experiência era com o Ensino Fundamental, 5ª e 6ª séries. Foi uma reviravolta na minha rotina de planejamento, de postura e principalmente na linguagem, pois o trato com os menores era mais suave, mais infantil. Porém, parecia que aquele sempre fora o meu espaço”.

Cheia de coragem e destinada a enfrentar novos desafios, a professora Verônica não se intimidou com as muitas dificuldades encontradas nessa nova unidade escolar: carência econômica e afetiva, violência. Para ela, esse é o lugar ao qual ela pertence e quer realizar cada vez mais um trabalho de qualidade e de valorização do ensino: “Minha escola é prioritariamente formada por alunos carentes. Fica na periferia do município, num bairro circundado por outros que apresentam o maior índice de violência da região envolvendo jovens. Assim, tenho vivido o meu magistério. Onde realmente quero estar”.

Não bastasse o trabalho pesado do Ensino Médio, a professora Verônica também participa de outras atividades como a construção do Plano de Intervenção Pedagógica Estadual de Língua Portuguesa e na oficina de elaboração de itens do Paebes (Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo).

 

Falando de Jovem Senador

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Jones dos Santos Neves incluiu o Projeto Jovem Senador em suas ações educacionais em 2013, mas foi a partir de 2014 que o projeto passou a fazer parte do planejamento anual. Com um calendário apertando por conta das Olimpíadas de Língua Portuguesa e a preparação para o Enem e Paebes, o colégio teve que realinhar os conteúdos e estabelecer uma logística específica para não prejudicar os alunos.

Segundo a professora Verônica Martinelli, a Escola fixou a sexta-feira como o dia destinado a projetos e redações e todos os esforços foram concentrados para atender às demandas do Projeto Jovem Senador e das demais iniciativas educacionais.

“Apresentei a proposta de trabalho às turmas, o livreto com as redações anteriores e confesso, quase desanimei. Duas turmas com 30 alunos cada, mais ou menos, a maioria marcada pela baixa autoestima, o descrédito dos resultados anteriores, tudo era motivo para não querer participar. Decidimos em sala de aula que as aulas seriam realizadas no laboratório de informática e os textos, digitados e repassados para correção, através do meu e-mail. Precisávamos definir textos, sites de pesquisa, suportes para iniciar as redações”.

 

Superando as dificuldades...

O município de Baixo Guandu enfrentou a pior cheia dos rios que cortam a região e o quadro era de tragédia e muito sofrimento. “As intensas chuvas arrasaram toda a região do interior. Fomos notícia em todos os telejornais do país. Nunca havíamos tido vítimas fatais e a imagem dos helicópteros sobrevoando a cidade, transportando os corpos que eram resgatados, ainda era muito viva. Todos só falavam na tragédia, sem contar nos casos de violência que volta e meia envolviam alguém da comunidade”.

Apesar do desânimo e todo o quadro pessimista instalado na cidade, o tempo passou e os professores se organizaram para estabelecer os principais pontos que poderiam ser tema das dissertações. “Levei para a sala de aula uma entrevista com o senador capixaba Ricardo Ferraço, publicada na revista VEJA. A leitura entusiasmou um pouco os alunos. Pesquisamos no laboratório de informática a importância do Senado através da história, a luta de cada povo para atingir a cidadania”.

 

E do desânimo se fez a conquista e da tristeza se fez a esperança...

Verônica Martinelli é puro testemunho do esforço envidado em prol da formação de seus alunos e crê que participar do Jovem Senador foi uma experiência única: “Acredito que em minhas memórias futuras, certamente estarão marcados os momentos que esse processo trouxe. Completo 50 anos de idade em dezembro deste ano e 28 anos à frente de uma sala de aula. Momentos como esses estarão para sempre gravados em minha história de Professor com “P” maiúsculo, pois acredito na força transformadora da leitura e da escrita. Precisamos enfrentar nossas dificuldades de frente, ignorar a frustração e recomeçar, sempre”.

Ao saber da seleção de sua aluna, Verônica Martinelli era pura alegria, pela conquista da aluna Juliana e pela retomada da autoestima de toda a comunidade escolar: “A sensação é quase indescritível. Digo quase, porque a dor no estômago ainda está aqui. Poder participar desse momento é transformador. As pernas tremeram, a boca secou. Nossa, minha escola é finalista, vencedora. Uma escola que já ficou entre as cinco piores do estado em relação aos índices do ENEM. Uma escola de periferia torna-se centro das atenções do município! O abraço da Juliana, a alegria de seus pais o clima de festa que tomou conta da escola são meus troféus”.

 

Uma mensagem para seus alunos

Aproveitem todas as oportunidades que lhe forem oferecidas. Saiba que suas escolhas representarão a identidade que procuram e serão elas que os guiarão no futuro”.