CDH debate índices de acidentes de trânsito no país

Da Rádio Senado e Da Redação | 16/11/2015, 14h55

Especialistas em medicina do tráfego, representantes do governo e da Polícia Rodoviária Federal apresentaram ao Senado, nesta segunda-feira (16), sugestões para um trânsito mais seguro. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) conduziu um debate sobre os altos índices de acidentes que tanto inquietam o país.

Apesar de ter conquistado uma redução no número de mortes no trânsito nos últimos anos, o Brasil ainda está entre os cinco países com mais vítimas de acidentes no mundo, com 44 mil mortes em 2014. Mas, com uma frota dez vezes menor que a dos outros quatro — Índia, China, Estados Unidos e Rússia —, o país não deveria ter esses índices, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.

O vice-presidente da associação, Juarez Molinari, listou as principais causas dos acidentes: má formação dos condutores, fiscalização e punição dos infratores, uso de álcool e drogas e de smartphones. Segundo ele, a maior parte dessas causas é evitável.

— Em mais de 90% das vezes a causa mais importante é o ser humano, que é responsável pelos fatores de risco de maior relevo, como a conjunção do álcool e a condução veicular, as falhas de atenção decorrentes de aparelhos com grande potencial de desviar atenção, como o uso dos smartphones, a fadiga, ligada a jornadas excessivas na condução dos veículos, principalmente os comerciais — disse Molinari.

Outro grande fator de risco é o excesso de velocidade, responsável por 70% das mortes nas rodovias federais. Uma solução apontada pelo representante da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, Stenio Benevides, é mudar o Código de Trânsito para permitir a verificação da velocidade média entre dois pontos.

Um consenso entre os debatedores foi a necessidade de formar uma nova cultura de respeito ao trânsito, que deve começar nas escolas. O presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), pediu que os especialistas enviem ao colegiado uma sugestão de projeto de lei, entre outras ações, para enfrentar esse problema.

— Apresentar uma minuta de legislação para a prevenção na sala de aula, ou seja, incluir no currículo escolar esse tema. Realizar campanhas de prevenção de acidente de trânsito, e que o Senado colabore, esteja integrado nessas campanhas. Mudar a palavra acidente por incidente e, por fim, interagir com as montadoras nos dois sentidos: a qualidade do veículo em relação ao acidente e, ao mesmo tempo, a situação dos pedestres — afirmou Paim.

Na audiência, os especialistas defenderam ainda a revisão do Estatuto do Motorista para evitar jornadas excessivas, e o fortalecimento da fiscalização de trânsito em todo o país.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)