Parte da sociedade ainda considera natural violência contra as mulheres — Rádio Senado

Parte da sociedade ainda considera natural violência contra as mulheres

LOC: PARTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA AINDA CONSIDERA NATURAL A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES. 

LOC: A CONSTATAÇÃO FOI FEITA DURANTE AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CCJ DO SENADO QUE DISCUTIU O PROJETO DE LEI QUE TORNA CRIME O FEMINICÍDIO. A REPORTAGEM É DE IARA FARIAS BORGES: 

(Repórter) Na última década, 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. Desde os anos 80, o número de mortes violentas com pessoas do sexo feminino tem aumentado em progressão geométrica. A média é de 230% por ano. Essas informações foram apresentadas na audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça pelo representante do Ministério da Justiça, Flávio Caetano. Ele ressaltou que, na verdade, os números são maiores: 

(Flávio Caetano) “O estado brasileiro sabe que é maior. Não se discute que a situação é de violência contra a mulher. Quando vamos discutir feminicídio no Brasil vamos ter certeza falamos de um contexto de violência contra mulheres, violência com mortes em alta, estupros em alta, portanto não estamos de uma situação de normalidade, temos que pontuar isso”. 

(Repórter) O aspecto cultural ainda influencia esses atos de violência. A igualdade entre os gêneros depende de educação da sociedade, como ressalta o juiz Jamilson Campos: 

(Jamilson Campos) “Enquanto não houver essa educação no sentido da fomentação na compreensão no desenvolver das atitudes esse machismo impregnado na cultura brasileira ainda vai demorar um pouco para que as mulheres tenham plenamente acesso à justiça”. 

(Repórter) A própria legislação brasileira, até poucos anos, expressava uma cultura na qual o gênero feminino era subalterno ao masculino. O Código Penal, até 2005, e o Código Civil, até 2013, não reconheciam os direitos da mulher, como afirma uma das coordenadoras da Ong Cepia, Leila Linhares: 

(Leila Linhares) “a cidadania da mulher no Brasil é uma cidadania tardia, uma espécie de cidadania de segunda classe, de segundo plano, mesmo diante dos grandes avanços no plano da educação, do trabalho”. 

(Repórter) Para a senadora Ana Rita, do PT do Espírito Santo, relatora da matéria na CCJ, apesar de a violência contra a mulher ser uma prática antiga, o assunto não é discutido: 

(Ana Rita) “É uma realidade que já vem de algum tempo, que os indicies estão aumentando, mas debater o tema feminicidio é um tema razoavelmente novo. A realização desta audiência foi justamente para possibilitar o debate sobre este assunto para subsidiar os colegas para que o PL seja apreciado por essa comissão”. 

(Repórter) O projeto que incorpora ao Código Penal o crime de feminicídio foi proposto pela CPI que investigou a violência contra a mulher.
19/11/2013, 09h53 - ATUALIZADO EM 19/11/2013, 09h53
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