Colapso do solo em Maceió: Rodrigo Cunha e prefeito pedem união para enfrentar crise

Da Agência Senado | 04/12/2023, 18h02

O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) recebeu, nesta segunda-feira (4), a visita do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, conhecido como JHC, e o ministro do Turismo, Celso Sabino. A reunião teve como foco a situação de uma região da capital alagoana que vem afundando devido à exploração de minérios por parte da empresa Braskem. Eles pediram união para enfrentar os desafios de Maceió. Como 2º vice-presidente, Rodrigo Cunha está no exercício da Presidência do Senado — o presidente, Rodrigo Pacheco, e o vice-presidente, Veneziano Vital do Rêgo, estão participando da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Rodrigo Cunha destacou que o Brasil inteiro vem acompanhando o drama do município. Ele disse que a Defesa Civil tem trabalhado de forma séria e dedicada e pediu a união de esforços em torno do assunto. O senador lembrou que na última sexta-feira (1º) esteve com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que já teria colocado todo o aparato do governo federal à disposição do município. Ele agradeceu a atuação de Alckmin em favor de Maceió e contou que já está sendo acertado um empréstimo internacional de US$ 40 milhões para o município investir na segurança ambiental. 

O senador também disse que é importante tranquilizar as pessoas. De acordo com ele, a área afetada já estava sendo monitorada e a maioria das cerca de 60 mil pessoas dos bairros atingidos foram removidas ainda no ano de 2019. Rodrigo Cunha fez questão de destacar que os turistas têm total segurança para viajar a Maceió. Ele disse que a área turística é afastada da região afetada e que toda a infraestrutura voltada para o turismo está preservada.

O parlamentar lembrou ainda que o Senado já promoveu uma audiência pública sobre o tema em 2021. Segundo Rodrigo Cunha, houve um laudo que descartou o afundamento do solo como um fenômeno natural, o que reforçaria a responsabilidade da empresa Braskem, que trabalha com a exploração de sal-gema na região.

— Aquele tripé da sustentabilidade social, econômica e ambiental demonstrou aqui uma grande usura em ter um grande lucro, e esqueceu do ambiental e do social. Com isso, a cidade sofreu e sofre, com abalos físicos e emocionais — registrou. 

CPI

Conforme informou Rodrigo Cunha, uma possível CPI da Braskem ainda depende da indicação dos integrantes por parte das lideranças partidárias. Ele disse que, tecnicamente, já é possível indicar a culpa da Braskem na ocorrência em Maceió. O autor do requerimento para a criação da CPI é o senador Renan Calheiros (MDB-AL). 

Desafios

Para o prefeito JHC, é importante a união dos entes estatais diante dos desafios que Maceió vem enfrentando. Ele informou que a velocidade de afundamento está diminuindo: já foi de 5 cm por hora e agora está em 0,25 cm. JHC ainda reforçou que a prefeitura vem buscando reparação por parte da Braskem para as famílias atingidas pelo colapso do solo. Ele destacou que a tragédia ambiental e material tem também seu lado social, pois a cidade precisa ser, em parte, reconstruída, com novas creches e escolas e novas dinâmicas de transporte e logística. Além das medidas urgentes, acrescentou JHC, há a necessidade de novos planejamentos e decisões.

— Precisamos de unidade. Os desafios são enormes. Maceió está pressionada e temos de repensar nossa cidade — afirmou o prefeito. 

Afundamento

Uma área da cidade de Maceió vem afundando desde 2018, causando rachaduras e colocando em risco a segurança de vários imóveis. Os bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro são alguns dos mais atingidos. Cerca de 60 mil pessoas já foram transferidas da região.

A exploração indiscriminada de minério por parte da empresa Braskem é apontada como causa do colapso do solo na área. A Igreja Batista do Pinheiro, com um templo considerado uma construção histórica, tornou-se uma espécie de símbolo dessa tragédia em Maceió. O imóvel era o único que permanecia ocupado na região de alto risco de colapso e foi interditado nesse domingo (3). Cerca de cem pessoas, quase todas ex-moradoras do Pinheiro, assistiram ao último culto, em meio a choro e protestos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)