Participação do Legislativo na 'Voz do Brasil' completa 60 anos

Da Comunicação Interna | 25/04/2023, 18h59

Em 25 de abril de 1963 foi ao ar, pela primeira vez, o horário destinado ao Poder Legislativo dentro do programa A Voz do Brasil. Passados 60 anos, as principais notícias do Senado Federal e da Câmara dos Deputados ainda ecoam por todos os cantos do país por meio do mais antigo programa de rádio do Brasil. 

— Vejo que o programa traz muita transparência e que é uma fonte oficial e confiável para que toda a população saiba o que os Poderes estão fazendo. O retorno que temos é sempre mais positivo do que negativo — compartilha Paula Groba, chefe do Serviço de Edição da Voz do Brasil (Sevoz) no Senado desde 2018.

A segunda meia hora do programa é composta por jornais do Legislativo. O foco é mostrar o que está sendo discutido e os projetos de lei apresentados e aprovados, retratando a pluralidade de opiniões do Parlamento. Para isso, o Senado tem 10 minutos de jornal, e a Câmara, 20 minutos.

O grande desafio da equipe de três servidores do jornal no Senado é apresentar notícias quentes em um formato atrativo e que caibam no tempo reservado. Atualmente, com o avanço das tecnologias, já é possível transmitir o noticiário ao vivo, às 19h, quando ainda há votações importantes em curso.

— Quando há muitas informações e temos que escolher o que entra, nos perguntamos o quanto a notícia vai atingir o maior número de pessoas. Também damos atenção para assuntos que a grande mídia não repercute muito e observamos se estamos dando espaço para parlamentares de todas as vertentes políticas e para as minorias. Se há entrada ao vivo, deixamos para o final, para dar tempo de passar a informação mais completa possível — esclarece Paula.

Voz na História

A Voz do Brasil nasceu em 1935, no governo de Getúlio Vargas, com o nome Programa Nacional. Em 1938, a transmissão passou a ser obrigatória. Em 1960, com a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, muitos parlamentares se sentiram isolados de suas bases. A grande mídia ainda não dispunha de boa estrutura de cobertura em Brasília. Por isso, naquela época, houve um movimento para que o rádio fosse utilizado diariamente para divulgação das ações do Congresso Nacional.

Heraldo Coutinho, aposentado, trabalhava no Senado à época e fez coro às vozes que pediam pela inclusão do Legislativo na Voz do Brasil. Ele veio para a nova capital ainda em construção para fazer a sonorização na nova sede do Congresso Nacional, do Hotel Nacional e da Concha Acústica.

— Sempre fui muito preocupado com a divulgação dos trabalhos do Legislativo. Fiz a ligação para transmitir os trabalhos daqui para o Palácio Monroe, a antiga sede no Rio. Mas eu falava sempre com o presidente do Senado que a gente precisava entrar na Voz do Brasil. O sinal da Rádio Nacional era fraco, não ia muito longe — relata.

Depois de muitas discussões e em meio a outros projetos e várias emendas, foi aprovado, em 1962, o Código Brasileiro de Telecomunicações, que estabeleceu a participação do Senado e da Câmara na Voz do Brasil. Heraldo foi responsável pelo projeto, execução, montagem dos equipamentos, manutenção e transmissão do estúdio em que foi feito o primeiro programa do Senado.

O então senador Auro de Moura Andrade, que presidia o Congresso Nacional, participou da primeira transmissão e declarou que o Congresso Nacional usaria o rádio “em favor da paz, da liberdade e das verdades que compõem o sentido da vida do nosso povo”.

A Voz do Brasil também faz parte da história de vida da servidora Ester Monteiro. Atualmente a jornalista atua na assessoria de imprensa do Senado, ela foi redatora e editora do programa. Ester, que ouvia o programa desde pequena com seu pai, veio para Brasília na época da Constituinte e, pouco depois de ser aprovada em concurso, foi convidada para trabalhar no programa, realizando um sonho de infância.

— Gosto de destacar o ineditismo da Voz do Brasil. O Parlamento vai fazer 200 anos, mas levou quase um século e meio para conseguir dar mais transparência do seu trabalho para a população. Depois de conseguir espaço na Voz do Brasil, foram mais cerca de 30 anos até que os veículos de comunicação [do Senado] fossem criados — diz.

Voz que perdura

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável por produzir o material do Executivo no programa, estimou, em 2021, 70 milhões de ouvintes diariamente, mas não há números oficiais.

— As campanhas pelo fim da Voz já existiam desde sua criação, mas há grande interesse dos parlamentares, em especial daqueles que não têm acesso à grande imprensa, em mantê-la no ar. Eles encontram no programa uma forma de fazer chegar ao eleitor seu trabalho. O rádio é um fenômeno permanente. Foi ameaçado pela TV e internet, mas está aí — acredita Ester.

Só em 2018 a transmissão da Voz do Brasil foi flexibilizada nas rádios comerciais, mas permanece obrigatória. Hoje já é possível ouvir a Voz do Brasil até em podcast. As interações dos ouvintes são bem-vindas pelas redes sociais da Rádio Senado e pelo Whatsapp (61) 98611-8591.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)